YouTube derruba mais 15 vídeos de Bolsonaro falando sobre cloroquina e ivermectina

Diretrizes do YouTube não permitem propaganda de remédios contra Covid-19 sem eficácia comprovada. Canal já tinha derrubado outros 12 vídeos do presidente.
Imagem: Evaristo SA/AFP (Getty Images)
Imagem: Evaristo SA/AFP (Getty Images)

O YouTube derrubou na última quarta-feira (21) 15 vídeos do canal de Jair Bolsonaro por violarem as políticas do serviço quanto a informações do coronavírus. No caso, desinformação, já que nos vídeos em questão o presidente, ao lado de apoiadores, defendia o uso de medicamentos contra Covid-19, entre eles hidroxicloroquina e ivermectina — ambos sem eficácia científica comprovada.

O canal de Bolsonaro no YouTube não traz nenhum conteúdo muito específico, mas sim os discursos semanais em que o presidente fala com seus seguidores. Do total de 15 remoções, 14 são das lives que ele realiza todas as quintas-feiras, com transmissão simultânea na página de Bolsonaro no Facebook.

De acordo com o Washington Post, um dos vídeos deletados é de 27 de maio, quando Bolsonaro recomendou que pacientes que contraíram o coronavírus se tratassem com chás indígenas e hidroxicloroquina. Lembrando mais uma vez que inúmeras pesquisas mostraram que o remédio é ineficaz contra a Covid-19. Antes, Bolsonaro promovia um coquetel de outros medicamentos conhecido como “tratamento precoce” que, em alguns casos, podem causar efeitos colaterais perigosos, como insuficiência renal.

Outro vídeo excluído tinha a participação do ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, ouvido pela CPI da Covid e acusado por promotores de má conduta por supostamente permitir que milhões de testes de coronavírus expirassem, além de restringir o acesso de informações precisas sobre a pandemia para o público. Segundo a BBC, nesse vídeo específico, Pazuello comparou a pandemia de Covid-19 com AIDS, minimizando a gravidade das duas doenças.

Como funcionam as regras do YouTube

Desde que o número de vídeos propagando desinformação sobre o coronavírus disparou no YouTube, a plataforma se prontificou a modificar suas diretrizes de comunidade — mais especificamente em meados de abril deste ano. Segundo as novas regras, na primeira vez que um canal viola as diretrizes, o criador recebe um alerta “informando que ele precisa conhecer melhor as regras”. Se as políticas forem desrespeitadas novamente, aí sim vem o primeiro aviso oficial — cada aviso leva 90 dias, a partir da data de emissão, para expirar. Caso o dono do conteúdo receba três desses avisos em um período de 90 dias, o canal é removido de forma permanente do YouTube.

O YouTube já tinha removido pelo menos 12 vídeos do canal de Jair Bolsonaro falando sobre cloroquina e ivermectina, mas isso era baseado principalmente nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o site de vídeos do Google, não é permitido recomendar ivermectina ou hidroxicloroquina para tratamento ou prevenção da Covid-19; afirmar que estas duas medicações são tratamentos eficazes contra a Covid-19; ou afirmar que existem métodos de prevenção garantidos, ou que determinados remédios ou vacinas são uma cura garantida contra a Covid-19.

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O que mudou é que, desde a semana passada, o Ministério da Saúde reconheceu que esses medicamentos não trazem nenhum benefício ou eficácia contra o coronavírus. Por esse motivo, o YouTube, agora baseado na orientação das autoridades de saúde locais, bloqueou conteúdos mais antigos no canal de Bolsonaro.

“Nossas políticas não permitem conteúdo que alega que a hidroxicloroquina e/ou a ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir Covid-19, nem permitem conteúdos que afirmem que esses remédios são uma cura garantida para Covid-19, nem que máscaras não funcionam para prevenir a disseminação do vírus. Essas diretrizes estão alinhadas com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos nossas políticas à medida que essas diretrizes mudam”, disse um porta-voz do YouTube ao Washington Post.

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