YouTube desativará comentários em vídeos com crianças para combater rede pedófila
À luz do problema recentemente revelado sobre a existência de uma rede de comentaristas pedófilos em sua plataforma, o YouTube anunciou novas medidas relativamente severas para combater a questão. Em post de blog nesta quinta-feira (28), a companhia afirmou que, dentro dos próximos meses, desativará os comentários em vídeos que contenham menores de idade nas imagens.
O YouTube destacou seu próprio processo de bloqueio de comentários em vídeos que poderiam ser sujeitos a comportamento predatório, que atingiu dezenas de milhões de conteúdos, e disse que irá expandir isso para mais vídeos, contendo crianças e também menores de idade mais velhos que estejam sob risco de ser alvo desse tipo de comportamento.
A plataforma irá, sim, permitir que um número limitado de criadores de conteúdo mantenha os comentários habilitados em vídeos seus que contenham menores de idade nas imagens. Entretanto, trabalhará em conjunto com essas contas para fazer a moderação dos comentários, com ferramentas além das tradicionais de gestão da área. O número de criadores que poderão manter os comentários ativos não foi revelado, e o YouTube se limitou a dizer que, ao longo do tempo, esse grupo irá crescer.
Uma outra medida anunciada pelo site para combater o problema é o aperfeiçoamento de seu sistema de classificação de comentários. Não podemos verificar a veracidade dessa afirmação, mas o YouTube disse que já vinha trabalhando na ferramenta e que, na esteira da recente polêmica envolvendo essa rede de possíveis pedófilos, decidiu acelerar sua implementação.
Apesar de não revelar como esse sistema funciona exatamente, a plataforma alegou que ele é mais abrangente e possibilitará ao site detectar e remover duas vezes mais comentários individuais — o post de explicação das novidades foi feito no blog que se dirige a criadores de conteúdo, então o site destacou também que esse novo classificador não afeta a monetização dos vídeos.
O YouTube encerra sua publicação afirmando que excluiu “certos canais que tentam pôr em perigo as crianças de alguma forma”. “Vídeos encorajando desafios nocivos e perigosos que visam qualquer pública também são claramente contra as nossas políticas”, alertou o site.
A velocidade com que o YouTube lidou com essa situação, trazida à tona pelo youtuber Matt Watson no último dia 17 em um vídeo no próprio site, nos faz pensar se realmente a empresa não tinha maneiras mais ágeis de resolver questões como a disseminação de desinformação ou a falsa reivindicação de direitos autorais em sua plataforma. Provavelmente a resposta rápida e enérgica dos anunciantes — como a Disney e a Nestlé, que, segundo a Bloomberg, tiraram suas propagandas do site em questão de dias — tem algo a ver com isso.
Resumo da polêmica
No último dia 17, o youtuber Matt Watson publicou um vídeo em seu canal trazendo à luz uma rede de comentaristas possivelmente pedófilos exibindo comportamento predatório na área de comentários de vídeos contendo crianças. Basicamente, eles faziam comentários marcando o tempo dos vídeos em que algum menor de idade aparecia em posições constrangedoras, ajudando outros pedófilos a identificar momentos de seu interesse no conteúdo.
Para refinar o processo predatório, muitos deles, inclusive, criavam contas completamente novas e não consumiam nenhum conteúdo senão vídeos de crianças — o que induzia o algoritmo de recomendação do YouTube a fazer sugestões semelhantes, alimentando um ciclo sem fim de material para uso por parte da rede pedófila.
[YouTube]