Polêmica dos comentaristas pedófilos no YouTube coloca criadores de conteúdo em posição delicada
Enquanto o YouTube luta para combater uma rede de exploração infantil na seção de comentários de sua plataforma, alguns criadores expressaram preocupação sobre o que acontecerá se seus vídeos forem desmonetizados em meio à repressão ao conteúdo e à retirada de publicidade por parte dos anunciantes. O Verge informou na sexta-feira (22) que um tuíte da conta do Team YouTube deixou os criadores ainda mais preocupados depois que a empresa anunciou uma medida que estava tomando contra “comentários inapropriados”.
“Nos últimos dias, tomamos uma série de medidas para proteger melhor a comunidade do YouTube de conteúdo que põe em perigo menores de idade”, tuitou a conta. “Com relação às ações que tomamos, mesmo que o seu vídeo seja adequado para anunciantes, comentários inapropriados podem resultar no seu vídeo recebendo poucos ou nenhum anúncio.”
Os anunciantes começaram a retirar seus gastos com anúncios do site depois que o youtuber Matt Watson compartilhou no domingo (17) um vídeo em que destacava os métodos usados por possíveis pedófilos em comentários em vídeos para explorar crianças, incluindo compartilhar informações de contato, descrever vídeos de maneira inadequada e identificar partes específicas dos vídeos em que crianças apareciam em posições constrangedoras. Confrontado com a perda de grandes clientes de anúncios como Nestlé, Epic Games e Hasbro, o YouTube tomou medidas extremas para garantir que os anúncios não apareçam em conteúdos que possam ser um ímã para gente mal-intencionada.
Um porta-voz do YouTube disse que a empresa limitou os anúncios em vídeos que podem colocar jovens em risco desse tipo de atividade predatória por meio de comentários. O site também está fechando os comentários de milhões de vídeos de menores para conter o problema por enquanto.
Regarding the @TeamYouTube tweet that has the community freaking out right now.
I reached out to YT. Don’t have an official statement yet, but 1. It sounds like this isn’t policy for every video on YT and 2. It’s likely comment disabling will be preferred over demonetization. pic.twitter.com/q7dpuztDxq
— Philip DeFranco (@PhillyD) 22 de fevereiro de 2019
(“Quanto ao tuíte do @TeamYouTube que está fazendo a comunidade perder a cabeça agora mesmo. Entrei em contato com o YT. Ainda não tenho uma declaração oficial, mas: 1. Parece que isso não é política para todos os vídeos do YT; e 2. é provável que a desabilitação de comentários seja preferível à desmonetização.”)
Para criadores cujos vídeos incluem seus filhos, por exemplo, anúncios limitados ou vídeos desmonetizados podem ser um problema. Alguns criadores tuitaram que sentiam que estavam sendo punidos por comentários fora de seu controle. Outros se preocupam que o sistema temporário do YouTube possa ser abusado por comentadores mal-intencionados que queiram prejudicar os criadores.
“Embora os criadores desses vídeos possam não ter feito nada de errado, estamos indo além de nossas proteções existentes no curto prazo sobre conteúdo que pode incluir ou colocar em perigo menores de idade”, escreveu o Team YouTube em um post de blog na sexta-feira (22) sobre as mudanças. “Nosso objetivo é proteger os criadores e o ecossistema mais amplo enquanto melhoramos nossos sistemas.”
Além das mudanças mencionadas acima, um porta-voz do YouTube disse no início desta semana que a empresa removeu centenas de contas ligadas a indivíduos que estavam fazendo o que a empresa entendeu como comentários predatórios em vídeos de menores. O YouTube também está denunciando quaisquer mensagens ilegais ao Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas dos EUA, para colaborar com as autoridades.
“Qualquer conteúdo — incluindo comentários — que coloque em risco menores de idade é abominável, e temos políticas claras proibindo isso no YouTube”, afirmou um porta-voz da empresa em um comunicado. “Tomamos medidas imediatas, apagando contas e canais, denunciando atividades ilegais às autoridades e desativando comentários em dezenas de milhões de vídeos que incluem menores de idade. Há mais a ser feito, e continuamos a trabalhar para melhorar e apanhar o abuso mais rapidamente.”