Exposição traz fotos raras de um passado não tão distante: a escravatura no Brasil

Na escola, nos acostumamos a ver livros de História do Brasil ilustrados com pinturas de artistas como Rugendas e Debret, que retrataram o Brasil do século XIX. Uma das temáticas recorrentes no trabalho desses pintores eram os escravos, que não foram somente pintados, mas também fotografados. A fotografia encontrou campo no Brasil, uma vez que […]

Na escola, nos acostumamos a ver livros de História do Brasil ilustrados com pinturas de artistas como Rugendas e Debret, que retrataram o Brasil do século XIX. Uma das temáticas recorrentes no trabalho desses pintores eram os escravos, que não foram somente pintados, mas também fotografados. A fotografia encontrou campo no Brasil, uma vez que Dom Pedro II era um grande entusiasta dessa arte, o que possibilitou o espaço para que os fotógrafos, alguns deles patrocinados pela Coroa, registrassem uma das nossas mais tristes realidades da época: a escravatura.

Agora, uma parceria entre o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Instituto Moreira Salles traz uma exposição com 74 fotografias que retrataram escravos. Tiradas entre 1860 e 1885, período de eclosão do movimento abolicionista, as fotografias (feitas em grande formato), possuem o mesmo tom idealizado das pinturas da época: boa parte das fotos mostra os escravos em poses cuidadosas orientadas pelos fotógrafos. O foco é estético e o objetivo não era exatamente denunciar um país que ainda mantinha o regime escravocrata quando todas as outras nações americanas já haviam libertado seus cativos, mas exibir a escravatura brasileira como mais um dos detalhes pitorescos de um imenso país tropical repleto de estranhezas e mistérios.

essa

Quitandeiras – Rio de Janeiro, RJ, c. 1875
(Marc Ferrez – Acervo Instituto Moreira Salles)

Com a tecnologia atual, foi possível ampliar os negativos e mostrar detalhes que jamais haviam sido vistos: numa análise acurada das fotos é possível deixar de lado a ideia de escravos pacíficos e conformados com seus destinos e enxergar um grupo que compreendia a causa abolicionista e antevia a possibilidade de libertação. Os recortes de imagens icônicas mostram detalhes da luta silenciosa que a maior parte dos escravos travou por mais de três séculos até a Abolição em 1888.

007NGBMF1824cx077-08

Primeira foto do trabalho no interior de uma mina de ouro – Minas Gerais, 1888
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

32 (2)Praça Castro Alves – Salvador, BA, c. 1875
(Marc Ferrez – Acervo Instituto Moreira Salles)

2430cx065-01
Lavagem de ouro – Minas Gerais, c. 1880
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007NGBMF1824cx102-12
Negra com seu filho – Salvador, BA, c. 1884
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez – Acervo Instituto Moreira Salles)

007DSCN4108Escravos na colheita de café – Vale do Paraíba, c. 1882
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007DSCN1608
Partida para colheita de café – Vale do Paraíba, c. 1885
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007DSCN1184Escravos na colheita de café – Rio de Janeiro, c. 1882
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007Dscn0862_Partida para a colheita de café com carro de boi – Vale do Paraíba, c. 1885
(Marc Ferrez – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007A5P3FG05-19Fazenda de Quititi – Rio de Janeiro, c. 1865
(Georges Leuzinger – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

007A5P3F14-13A Glória, vista do Passeio Público – Rio de Janeiro, c. 1861
(Revert Henrique Klumb – Coleção Gilberto Ferrez / Acervo Instituto Moreira Salles)

Ermakoff-18Negra com criança branca presa às costas – Bahia, c. 1870
(Fotógrafo não identificado – Acervo Instituto Moreira Salles)

Informações
Emancipação, inclusão e exclusão. Desafios do Passado e do Presente – Fotografias do Acervo Instituto Moreira Salles
Duração: até 29 de novembro de 2013
Local: MAC Cidade Universitária
Endereço: Rua da Praça do Relógio, 160
Cidade Universitária
São Paulo – SP
Contato: (11) 3091 – 3039
Horário: De terça a domingo, das 10 às 18 horas – Entrada franca e classificação livre

Legenda da imagem de destaque: Senhora na liteira com dois escravos – Bahia, c. 1860
(Fotógrafo não identificado – Acervo Instituto Moreira Salles)

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas