O que acontece quando você olha diretamente para o Sol

Olha fixamente para uma fonte de luz brilhante e intensa faz mal para os olhos. Mas o que acontece de fato com os seus olhos quando você tenta encarar a nossa estrela mais próxima? Não é algo agradável, esteja certo disso. Eis uma visão do que você não deveria ver por si mesmo. No momento […]
Não olhe para essa foto por muito tempo.

Olha fixamente para uma fonte de luz brilhante e intensa faz mal para os olhos. Mas o que acontece de fato com os seus olhos quando você tenta encarar a nossa estrela mais próxima? Não é algo agradável, esteja certo disso. Eis uma visão do que você não deveria ver por si mesmo.

No momento em que você começa a olhar para o Sol, você começa a desenvolver uma queimadura no seu globo ocular. Dos três tipos de luzes que o Sol produz (visível, infravermelha e ultravioleta), a UV é a mais danosa às estruturas dentro do olho, especialmente quando refletida pela areia, neve ou água. As células da córnea, a camada externa transparente do olho, formará bolhas e essas eclodirão quando superexposta à luz ultravioleta. É bem parecida com uma queimadura de Sol normal. Os sintomas dessa condição, conhecida como fotoqueratite, geralmente aparecerem algumas horas depois que o dano ocorreu. Eles são identificados por lacrimação excessiva, inflamação do tecido e a sensação de que você esfregou os olhos com uma lixa fina. Felizmente, o efeito é quase sempre temporário, desaparecendo em 36 horas e pode ser evitado com o uso de óculos com proteção contra raios ultravioleta.

Olhe diretamente para o Sol por um pouco mais de tempo — como a menina que encarou um eclipse solar por meia hora — e você poderá causar danos à retina. Essa coleção de células fotorreceptoras localizada no fundo do olho transmite imagens para o seu cérebro. A retinopatia solar, como o dano é conhecido, pode não ser tão dolorosa quanto a fotoqueratite — mas os resultados podem ser permanentes.

Quando as células fotorreceptoras são superestimuladas, elas liberam uma inundação de químicos sinalizadores. Em concentrações suficientes, como durante uma longa olhada para Sol, ela pode danificar o tecido circundante. Essa condição normalmente é reversível com o tempo (de um mês a até um ano, dependendo da quantidade de danos sofridos. Em alguns casos, os progressos de cura mantêm um curso firme de 12 meses. Em outros, ele se cura rapidamente no primeiro mês, então permanece estátic por 18 meses antes de voltar a melhorar novamente.

Com dano o bastante à retina, encarar o Sol pode levá-lo à cegueira parcial. A exposição prolongada a raios ultravioletas pode danificar a mácula, uma pequena subestrutura da retina responsável pela maior parte da sua visão detalhada central. A pupila irá se contrair naturalmente quando exposta à luz brilhante, mas a quantidade de luz que ainda entrará no olho fica concentrada na camada da mácula. Esse dano pode causar degeneração macular, que acaba resultando em cegueira permanente do centro do seu campo de visão. Basicamente, aquele ponto preto que você vê após uma foto com flash jamais sumiria.

A cegueira completa e permanente também pode decorrer de olhar para o Sol por um longo tempo. As lentes dos olhos podem ser danificadas por muitos raios ultravioletas, resultando, em geral, em catarata e no crescimento de um tecido invasivo chamado pterígio. Como a catarata avançada induzida por UV, ela também pode obscurecer a visão do paciente. Se não for tratada, pode culminar com a cegueira.

Olhar para o Sol sem a proteção adequada dos olhos é sem dúvida uma péssima ideia, mas fazer o mesmo através de um telescópio ou binóculos é simplesmente idiota. Como uma lupa frita uma formiga, esses dispositivos concentram os raios do Sol em pontos destrutivos, causando danos térmicos e fotoquímicos imediatos. Os raios UV podem cozinhar seus olhos para fora da sua cabeça, destruindo as estruturas e resultando em uma potencial cegueira permanente. De acordo com o Dr. B. Ralph Chou, professor da Escola de Oftalmologia da Universidade de Waterloo:

“O Sol só pode ser visto diretamente quando filtros especialmente projetados para os olhos são usados. A maioria desses filtros têm uma fina camada de liga de cromo ou alumínio depositada em suas superfícies  que atenuam tanto a radiação visível quanto a próxima do infravermelho. Um filtro solar seguro deve transmitir menos de 0,003% (densidade ~4,5) de luz visível e não mais do que 0,5% (densidade ~2,3) de radiação próxima do infravermelho de 780-1400 nm… O infravermelho mais longo entre 1400 e 2500 nm não passa pelas lágrimas e pela parte frontal do globo ocular, então não é um problema.”

Se você não pode bancar um filtro solar, pode sempre criar um projetor do tipo pinhole ou outro método de visualização indireta. Você também pode posicionar binóculos a alguns centímetros de uma folha em brano e orientá-los em direção ao Sol. Isso projetará uma visualização aumentada do Sol no papel, permitindo que você estude as suas sombras durante um eclipse com segurança.


Então mesmo que a sua mãe não estivesse totalmente correta ao lhe dizer que você ficaria instantânea, permanente e completamente cego se olhasse para o Sol do meio-dia, ainda assim o aviso dela era um conselho bem útil. [Wikipedia 12 – Sight and Hearing –Livescience – Eye Journal: Solar retinopathy after the 1999 solar eclipse in East Sussex –Pak J Ophthalmol 2007 – Imagem: rangizzz / Shutterstock]

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