O que a Samsung fez para tentar esconder casos do Note 7 explosivo
O caso do Galaxy Note 7 explosivo manchou a imagem da Samsung. O impacto depois do anúncio do encerramento da produção do modelo foi imediato e, dias depois, a empresa afirmou que espera perder US$ 2,3 bilhões em lucros no trimestre. A companhia quis evitar o desastre de diversas formas, inclusive tentando esconder alguns dos casos.
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Segundo uma reportagem do New York Times, um consumidor chinês filmou seu Galaxy Note 7 pegando fogo, e a Samsung tentou convencê-lo a manter o vídeo privado oferecendo dinheiro:
Dois funcionários da Samsung Electronics foram até a casa dele no dia, segundo ele, oferecendo um novo Galaxy Note 7 e cerca de US$ 900 em compensação, com a condição de que ele mantivesse o vídeo privado. Zhang recusou. Nas semanas seguintes, mesmo depois de a Samsung ter iniciado o recall de mais de dois milhões de Note 7 nos Estados Unidos e em outros locais, a companhia reafirmou a ele e a outros consumidores chineses que o aparelho era seguro.
“Eles disseram que não havia problemas com os celulares na China. Foi por isso que eu comprei um Samsung”, disse Zhang, ex-bombeiro de 23 anos. “Eles estão enganando consumidores chineses.”
Esse não é o primeiro relato que afirma que a Samsung tentou esconder os problemas com seus dispositivos. Depois de um Note 7 substituído pegar fogo na casa de um rapaz de Kentucky, a companhia tentou tomar posse do aparelho. O rapaz recusou, afirmando que procuraria a imprensa.
A resposta? A Samsung mandou para ele uma mensagem de texto (que aparentemente era para ter sido enviada a outro funcionário da companhia, ou a um representante de relações públicas), pedindo que tentassem “segurá-lo” para que não levasse o caso adiante.
Em 2013, o usuário ghostlyrich postou um vídeo no YouTube de seu Galaxy S4 pegando fogo. A Samsung se ofereceu a trocar o aparelho, mas apenas se ele removesse o vídeo original e concordasse em não falar sobre o celular no futuro. Ele recusou a oferta e publicou outro vídeo a respeito do assunto.
Ação judicial coletiva
A empresa sul-coreana ainda vai ter bastante dor de cabeça com o Note 7. Em Nova Jersey (EUA), três consumidores abriram uma ação judicial coletiva contra a Samsung, uma semana depois do recall oficial e do anúncio do fim da produção global. A ação não tem a ver com danos físicos ou prejuízo de bens, mas alega “prejuízos econômicos” causados pelo recall.
A queixa afirma que eles demoraram para iniciar o primeiro recall e que a política de trocas era confusa. Os consumidores dizem que foram cobrados mensalmente pelo celular e pelo plano da operadora, enquanto o aparelho não podia ser utilizado, nem trocado.
A Samsung precisa ainda recuperar cerca de 1 milhão de dispositivos, que analistas estimam ainda estarem em uso pelo mundo.
[The New York Times, Motherboard]
Imagem: Shawn L. Minter/AP.