163 múmias infantis da Sicília serão identificadas por raios-X
As Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo, na Itália, guardam uma história curiosa: Elas foram construídas na intenção de serem preenchidas por frades falecidos. Em determinado momento, os religiosos perceberam que o local permitia uma ótima conservação dos corpos.
Os mortos colocados ali passavam por um tipo de mumificação natural, em que seus rostos permaneciam reconhecíveis mesmo após a passagem do tempo. O fenômeno foi considerado um ato de Deus. Sendo assim, o milagre deveria ser acessível a todos e, em 1787, foram liberados os sepultamentos no local de qualquer pessoa que vivesse na região da Sicília.
Hoje, as catacumbas são não um ponto turístico (macabro) italiano, mas também um centro de pesquisa para arqueólogos e historiadores. Muitos corpos adultos do local já foram estudados, mas as crianças tiveram menos destaque.
Agora, cientistas da Universidade de Staffordshire, na Inglaterra, planejam aplicar tecnologias de raios-X para revelar mistérios das 163 múmias infantis alojadas no local. Os pesquisadores devem se concentrar nas crianças que morreram entre 1787 e 1880.
A investigação de dois anos deve começar analisando 41 corpos que residem dentro de uma capela infantil montada no local. Utilizando um aparelho de raios-X portátil, os cientistas devem recolher centenas de imagens das crianças em diferentes ângulos.
Depois, os exames serão cruzados com registros de arquivos a fim de revelar detalhes sobre a vida e morte das múmias infantis. Serão investigados desde aspectos biológicos, como a causa do falecimento e histórico de saúde, até fatores culturais, como a identidade da criança, roupas que utilizava e técnica de mumificação aplicada.