Algodão é melhor tecido para máscaras caseiras que evitam disseminação de COVID-19, diz estudo
Um novo estudo liderado pelo governo dos EUA descobriu que materiais comuns como o algodão podem filtrar efetivamente partículas tão pequenas quanto o coronavírus, especialmente quando colocadas em camadas. As descobertas oferecem mais evidências de que máscaras caseiras podem retardar a propagação da pandemia e possivelmente fornecer alguma proteção pessoal contra o COVID-19, embora não tanto quando você obteria de máscaras médicas.
Tornou-se óbvio que o uso de máscaras pode reduzir a propagação do coronavírus na população em geral. No mínimo, as máscaras podem bloquear algumas das maiores gotículas que contêm partículas virais que uma pessoa libera, impedindo-a de alcançar outras. O uso generalizado de máscaras é importante, porque as pessoas podem ser contagiosas sem nunca se sentirem doentes ou pouco antes do início dos sintomas.
Mas ainda há dúvidas sobre a eficácia de diferentes tipos de máscaras, incluindo as feitas em casa, e se elas têm alguma utilidade para impedir que as pessoas sejam infectadas por outra pessoa. As máscaras respiratórias, como a N95, são projetadas especificamente para filtrar aerossóis potencialmente infecciosos e prevenir infecções.
O novo estudo foi publicado no mês passado no ACS Nano e envolveu pesquisadores do NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia) e do Instituto de Conservação de Museus da Smithsonian.
Eles conduziram experimentos simples com 32 tipos diferentes de tecidos feitos de algodão, lã e fibras sintéticas. Partículas grandes e pequenas foram jogadas nas amostras de um tecido e, em seguida, os pesquisadores mediram quantas partículas não foram capturadas pelo tecido e permaneceram no ar. Em vez usar o coronavírus vivo, utilizaram partículas de sal, que são similares em tamanho às partículas virais que exalamos.
No final, ficou claro que os tecidos de algodão eram os melhores, em média, no bloqueio de partículas do tamanho do coronavírus, em comparação com tecidos sintéticos. Mas nem todos os tecidos de algodão eram iguais. O algodão que tinha camadas, como as que você vê na flanela, teve um desempenho melhor do que outros tipos de tecido. Quanto mais o tecido for entrelaçado, melhor era seu desempenho.
“A textura acabou sendo um dos parâmetros mais úteis, porque descobrimos que a maioria dos tecidos de algodão com camadas tendia a filtrar melhor”, disse o autor do estudo Jamie Weaver, que é pesquisador do NIST, em um comunicado de imprensa da agência. “Nossas descobertas sugerem que a capacidade de um tecido para filtrar partículas se baseia em uma interação complexa entre o tipo de material, as estruturas de fibras e tecidos e a contagem de fios”.
Os pesquisadores também encontraram evidências que a criação de múltiplas camadas de tecido aumentaria ainda mais a eficácia das máscaras de algodão. Porém, o mais importante é que também descobriram que mesmo as melhores máscaras caseiras que se ajustam perfeitamente ao rosto de alguém provavelmente não oferecem tanta proteção contra infecções quanto uma máscara N95. O melhor algodão de camada única bloqueou cerca de 20% das partículas na faixa do vírus, enquanto as máscaras N95 são projetadas para bloquear 95% das partículas desse tamanho, como sugerido pelo seu nome. Alguns tecidos de algodão que se mostraram mais eficazes no bloqueio de partículas do tamanho de vírus também seriam mais difíceis de respirar, destacando uma possível troca entre segurança e acessibilidade.
“A conclusão é que nenhum desses tecidos é tão bom quanto a máscara N95. Ainda assim, revestimentos de pano podem ajudar a reduzir a disseminação do coronavírus”, disse Christopher Zangmeister, coautor do estudo e pesquisador do NIST. “Esperamos que esta pesquisa ajude fabricantes e entusiastas interessados em fazer suas próprias máscaras a determinar os melhores tecidos para este fim e que sirva de base para pesquisas adicionais”.