Ameelio: brasileiro cria ONG que humaniza sistema carcerário nos EUA

Gabriel Saruhashi idealizou a Ameelio enquanto fazia graduação na Universidade de Yale, nos EUA; conheça sua história
Ameelio
Imagem: Gabriel Saruhashi/Arquivo Pessoal/Reprodução

Com apenas 24 anos, Gabriel Saruhashi já deixou seu legado. O jovem brasileiro desenvolveu a Ameelio, uma organização sem fins lucrativos com objetivo de humanizar o sistema carcerário norte-americano. Seus esforços já beneficiaram mais de 1 milhão de detentos.

Sua história, no entanto, começa em 2016, ano em que foi aprovado para estudar Ciência da Computação e Psicologia na Universidade de Yale, nos EUA. Ele não chegou até a faculdade sozinho. A Fundação Estudar e a Fundação Clara Lionel, criada pela cantora Rihanna, ofereceram bolsas de estudo ao jovem.

Durante a faculdade, Saruhashi realizou trabalhos voluntários com pessoas em situação de rua. Ali, percebeu como isso estava interligado com o encarceramento. “Tem gente que sai da prisão e não tem acesso a crédito, histórico, fiador”, explicou. 

Isso o fez abrir os olhos para a situação das pessoas nas prisões. Mais tarde, conheceu Uzoma “Zo” Orchingwa, um criminologista que já estava trabalhando em um projeto para criar uma maneira das pessoas encarceradas se comunicarem com mais facilidade com suas famílias.

Saruhashi conta que “70% das pessoas nos EUA estão em prisões estaduais ou federais, mas todos os programas de serviços essenciais são oferecidas por organizações privadas e isso pode ser muito perverso. Para comunicação, por exemplo, é cobrado até U$ 25 por 15 minutos de chamada”.

Uma em cada três famílias com um membro encarcerado acaba entrando em dívida nos EUA devido as taxas de ligação e aos esforços para dirigir até as prisões. Vale dizer que 75% dos americanos moram a mais de 150 km de distância dessas instituições, o que torna a viagem longa e cara. 

Nasce a Ameelio

Para mudar o cenário, a dupla lançou a ONG em 2020, coincidindo com a pandemia de Covid-19. O cenário epidemiológico não permitia que as pessoas nas prisões recebessem visitas, o que tornava a solução alternativa de comunicação ainda mais necessária. 

O primeiro produto da ONG era simples: cartas. Qualquer pessoa nos EUA poderia procurá-los para mandar cartas de maneira gratuita para dentro das prisões. A iniciativa permitiu que a Ameelio consolidasse seu nome. 

Em 2021, o grupo conseguiu lançar o sistema de vídeochamadas dentro do sistema penitenciário de Iowa. “Foi um sucesso. A gente viu, por exemplo, pessoas vendo pela primeira vez o sobrinho que nasceu durante a pandemia ou então revendo seu cachorro após mais de 10 anos”.

Segundo Saruhashi, algumas pessoas levavam até mesmo os celulares para jogos de basquete, permitindo que os encarcerados assistissem os seus filhos jogando pela primeira vez. “Percebemos que estávamos criando algo muito especial”, conta. 

Atualmente, a Ameelio opera nos estados de Colorado, Iowa, Mississipi e Maine. O fundador, no entanto, não esconde a vontade de ampliar os serviços para outros países e, quem sabe, trazê-los um dia para o Brasil. 

Além da Ameelio, o cientista também é responsável pela Emerge Career, que tem como objetivo capacitar pessoas ainda dentro da prisão para que, ao sair, elas consigam adentrar o mercado de trabalho. Mais do que isso, a organização procura ajudar esse grupo a conseguir empregos justos, com carga horária digna e salários compatíveis. 

Fundação Estudar

Gabriel diz ser muito grato a Fundação Estudar, que reconheceu seu potencial ainda em 2016 e permitiu que ele cursasse a faculdade no exterior. No momento, a Fundação está com inscrições abertas para pessoas que tenham interesse em conseguir o auxílio.

Para se candidatar, é necessário ser brasileiro e ter até 34 anos. Os participantes também devem apresentar excelência acadêmica e estar em processo de aceitação, matriculado ou cursando o ensino superior em uma das quatro categorias de bolsa: graduação completa no Brasil; intercâmbio acadêmico de graduação ou duplo diploma no exterior, graduação completa no exterior ou pós-graduação no exterior.

Os inscritos devem passar por quatro etapas consecutivas e eliminatórias, que envolvem desde análises de perfil até entrevistas. Para se candidatar, é preciso desembolsar entre R$ 75 e R$ 150.

Os candidatos que não tiverem condições de pagar a taxa podem fazer o pedido de isenção no site durante o processo de inscrição. As inscrições vão até o dia 10/04/2023.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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