Apple é acusada de promover aplicativos com preços abusivos na App Store
A Apple sempre foi conhecida por manter ao máximo a segurança da App Store, principalmente no que diz respeito à aprovação de ferramentas inclusas na loja. Mas segundo alguns usuários e desenvolvedores da Austrália, não é exatamente isso o que tem acontecido. Ao contrário: a companhia tem sido acusada por eles de promover centenas de aplicativos duvidosos, a maioria deles cobrando valores exorbitantes por novas funções.
Pelo Twitter, o usuário Beau Nouvelle destacou como isso tem acontecido. Uma das ferramentas é o “Slime relaxitions”, que oferece assinaturas semanais a partir de AU$ 10 por alguns recursos exclusivos. Ou seja, se um usuário aderir a um plano assim, ele pagaria cerca de AU$ 480 por ano, o equivalente a R$ 1.855 na conversão direta — lembrando que o dólar da Apple é bem mais caro que a cotação atual, então pode acrescentar mais alguns reais nessa conta.
https://twitter.com/BeauNouvelle/status/1422941988349825027
Outro aplicativo, este notado pelo usuário Simeon, se chama “Jelly: Slime Simulator, ASMR. O app cobra um valor semanal de AU$ 13 (R$ 50), totalizando AU$ 676 (R$ 2.610) por ano. O mesmo aplicativo está disponível na App Store brasileira, por um valor bem mais em conta, mas ainda assim caríssimo: R$ 33 por semana, o que dá aproximadamente R$ 1.720 ao ano.
https://twitter.com/twolivesleft/status/1423115528680349700
“Isso transforma a App Store em uma piada. Mas, para muitos de nós, é nosso sustento. O destaque constante de coisas como essas é apenas uma prova de que as afirmações da Apple sobre as revisões da App Store para controlar a qualidade e segurança são apenas mentiras”, contou Nouvelle em entrevista ao site iMore.
Diretrizes da Apple proíbem preços abusivos
Curiosamente, as Diretrizes de Revisão da App Store proíbem que os desenvolvedores cobrem valores absurdos por qualquer coisa vendida em suas ferramentas. “Embora os desenvolvedores são quem definem os preços, não distribuiremos aplicativos e itens de compra nos apps que sejam claramente fraudulentos. Rejeitaremos aplicativos caros que tentam enganar os usuários com preços irracionalmente altos”, diz a Apple na seção “3. Business” de suas diretrizes.
Acontece que, na prática, não é isso o que está sendo aplicado, podendo prejudicar não apenas os desenvolvedores — muitos deles estão apreensivos com o fato dos usuários poderem pensar que estão sendo roubados —, mas também a própria Apple. Quem não se lembra do julgamento em curso entre a companhia e a Epic Games, que por sua vez foi impedida de adotar um sistema próprio de pagamentos por ter sido considerado ilegal de acordo com as diretrizes de desenvolvedores?
Por enquanto, a Apple não se pronunciou sobre o caso. Em maio, a empresa declarou ter rejeitado 2 milhões de submissões de novos aplicativos, dos quais 150 mil eram ferramentas que cobravam preços abusivos na App Store, prevenindo, assim, US$ 1,5 bilhão em fraudes.