A Apple começou a vender peças e ferramentas para que os próprios clientes consertem seus MacBooks nesta terça-feira (23). A companhia anunciou que ofereceria “ferramentas e know-how” para a manutenção caseira dos laptops na segunda (22), 9 meses depois de fazer o mesmo com os iPhones.
Segundo a empresa, o autorreparo só está disponível para os modelos de MacBook Air e MacBook Pro com chips M1. Os kits com peças e ferramentas originais já estão disponíveis nas lojas Apple dos EUA e podem ser alugados para uso único por US$ 49 –pouco mais de R$ 249.
Até agora, o autorreparo vale para os EUA, mas a Apple já anunciou que tem planos de abrir para outros países, a começar pela Europa.
“O autorreparo para MacBook Air e MacBook Pro oferece diversos tipos diferentes de reparo para cada modelo, incluindo tela, bateria e trackpad”, diz o anúncio. “Os clientes com experiência nas complexidades de reparo de dispositivos eletrônicos poderão concluir o conserto nesses notebooks com acesso a muitas das mesmas peças e ferramentas disponíveis nas lojas Apple e provedores de serviços autorizados da Apple”.
Mudança de postura
A abertura da Apple para que o autorreparo nos dispositivos de seus clientes surpreende por vários motivos. Primeiro porque a abordagem da companhia sempre foi a de exigir ferramentas especiais em seus dispositivos.
Um levantamento de março da empresa norte-americana US PIRG mostrou que a big tech produz os dispositivos mais difíceis de consertar. Esse seria supostamente um pedido de Steve Jobs desde o nascimento da empresa, em 1976.
Outro motivo é que a Apple é conhecida por dificultar o acesso de seus clientes e oficinas independentes na manutenção de equipamentos. Isso não acontece só no Brasil, mas em todos os países onde há comercialização dos produtos Apple.
O movimento “Right to Repair” (direito ao reparo, na tradução livre), porém, pressionou a companhia e grandes empresas para facilitar o conserto caseiro. A Apple chegou a fazer lobby contra o movimento e alegou que a manutenção não pode ser feita por qualquer um por motivos de segurança.
Agora o governo dos EUA apoia uma nova política sobre o direito ao reparo no país. A proposta tem o apoio de grandes acionistas e do cofundador da Apple, Steve Wozniak. No Brasil, a legislação sobre o tema ainda é incipiente, apesar de haverem problemas com limitações ao conserto por fabricantes e autorizadas, como mostrou reportagem do site TechTudo.