Apple suspende fornecedora por práticas abusivas com estagiários

Pegatron colocava estagiários para trabalhar à noite, fora do horário e em atividades não relacionadas à graduação.
Logotipo da Apple. Crédito: Josh Edelson/AFP (Getty Images)
Crédito: Josh Edelson/AFP (Getty Images)

A Apple cortou temporariamente seus laços com uma fabricante parceira depois de descobrir que ela estava acobertando ativamente um número incontável de violações trabalhistas com estagiários em várias fábricas na China.

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O jornal The Paper, com sede em Xangai, foi o primeiro a relatar que a empresa taiwanesa Pegatron — um fornecedor importante de aparelhos como iPhones, MacBooks e iPads — estava classificando incorretamente os estagiários nas unidades da empresa em Xangai e Kunshan para que trabalhassem à noite, fizessem horas extras ou cumprissem tarefas que não estavam relacionadas à sua graduação.

O Código de Conduta da Apple é bastante rígido e proíbe essas práticas. Em uma declaração ao The Paper, a Apple também observou que o supervisor responsável pelo programa de estágios da Pegatron forjou documentos para encobrir as violações da empresa às diretrizes da Apple.

A criadora do iPhone descobriu essas ilegalidades há várias semanas, enquanto revisava seus próprios programas de estágio na região. A gigante de Cupertino não quis comentar sobre o número de alunos pegos trabalhando nessas condições, mas acrescentou que não conseguiu encontrar evidências de trabalho forçado ou de menores em nenhuma dessas instalações.

A Apple não retornou imediatamente nosso pedido de comentário, mas disse à Bloomberg que colocou seu parceiro sob supervisão “até que a ação corretiva seja concluída”. Também disse ao jornal que os alunos envolvidos receberam “subsídios monetários diretos” para compensar o tempo extra de trabalho. A Pegatron, por sua vez, demitiu o gerente que estava acobertando essa prática e retirou esses estudantes de suas linhas de produção.

Esta não é a primeira vez que a Pegatron é pega pela Apple com práticas trabalhistas irregulares. Em 2013, a China Labor Watch relatou que a fabricante estava pagando uma quantia menor do que deveria a cem estagiários que trabalhavam em suas fábricas de Xangai. Eles também estavam sujeitos a turnos extenuantes que regularmente se estendiam por 12 horas. O grupo de vigilância constatou que maus-tratos semelhantes continuaram até 2015.

Os problemas da Apple com o abuso de trabalhadores dentro de sua cadeia cada vez maior de fornecedores não começam nem terminam com a Pegatron. Em 2010, histórias de mais de dez suicídios na Foxconn, sua principal parceira de hardware, levaram a Apple a finalmente fiscalizar os depósitos onde seus gadgets mais populares eram feitos. Em 2012, ela divulgou uma lista completa de seus parceiros pela primeira vez e lançou um relatório anual de responsabilidade de fornecedores detalhando o progresso — ou a falta dele — em algumas dessas fábricas desde 2007.

Entramos em contato com Apple e Pegatron e atualizaremos esta matéria se elas responderem nosso pedido de comentários.

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