Ciência

Aquecimento global faz derreter “cemitério de gelo” na Suíça

Consequências das mudanças climáticas tem afetado todo o mundo, mas os impactos são ainda mais preocupantes em locais como as geleiras suíças
Imagem: Stefano Kovina/iStock

Devido ao aquecimento global, as geleiras da Suíça sofreram neste ano a segunda pior taxa de derretimento de sua história, diminuindo o seu volume total em 10%. Isso tem feito corpos de vários pessoas que morreram congeladas no caminho para as montanhas começarem a aparecer.

Segundo o órgão de monitoramento Glamos, este foi o terceiro verão mais quente já registrado no país. Isso fez com que as montanhas perdessem tanto gelo em dois anos quanto nas três décadas anteriores a 1990.

Desde turistas a alpinistas, o local reúne um verdadeiro “cemitério de gelo”, incluindo corpos de pessoas que morreram durante a prática de esqui ou escaladas, seja por algum acidente (como quedas) ou foram surpreendidos por avalhanches e tempestades de neve.

Muitas vezes, os corpos não são localizados e permanecem desaparecidos por décadas. Porém, com o atual recuo do gelo, restos humanos começam a surgir aos montes.

Em julho, por exemplo, um corpo foi encontrado 37 anos após o seu desaparecimento. Trata-se de um alpinista alemão que desapareceu em 1986 nas montanhas do Matterhorn – o pico mais famoso da Suíça.

Em outro caso, um funcionário de uma estação de esqui encontrou o corpo de um casal que estava desaparecido nos Alpes suíços desde 1942. Ele desapareceram no caminho para alimentar as suas vacas num campo perto da aldeia de Chandolin, no sudoeste da Suíça. “Passamos a vida inteira procurando por eles sem parar”, disse a filha do casal ao Independent, que tinha apenas quatro anos quando eles desapareceram.

Alpinistas que desbravavam as geleiras encontraram, até mesmo, destroços de um avião no meio do gelo. A perícia confirmou que eram destroços do avião Piper Cherokee, que se envolveu em um acidente aéreo na geleira de Aletsch, a maior dos Alpes, em junho de 1968.

Consequências do aquecimento global

De acordo com o Glamos, as consequências das mudanças climáticas tem afetado todo o mundo. Contudo, os impactos são ainda mais preocupantes em locais como as geleiras suíças. “Este ano foi muito problemático para as geleiras. Porque havia pouca neve no inverno e o verão foi muito quente”, disse Matthias Huss, que lidera o Glamos, à Reuters.

“Temos visto mudanças tão fortes no clima nos últimos anos que é perfeitamente possível imaginar esse país sem geleiras”, afirma o cientista. Ele acrescenta que é necessária ação decisiva de “estabilização climática”, reduzindo as emissões de dióxido de carbono (CO2) a zero o mais rapidamente possível.

Além disso, segundo um estudo da Academia de Ciências da Suíça, os glaciares suíços estão derretendo de forma “dramática”. Por isso, o chefe da Glacier Monitoring da Suíça, Matthias Huss, diz que se os extremos continuarem, os glaciares vão desaparecer muito mais cedo do que apontam as previsões atuais.

“Se não houver proteção do clima e redução das emissões de gases com efeito de estufa a nível global, não haverá quase nenhum gelo [em glaciares] em 2100”, alertou Huss à EuroNews.

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Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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