Ciência

As redes sociais podem ser viciantes? Como elas incitam uso sem limites

Ainda que não seja definida como um vício por instituições de saúde, as redes sociais utilizam mecanismo similar aos jogos de azar: a recompensa; confira no link
Imagem: Bruce Mars/ Unsplash/ Reprodução

Por muitos anos, a comunidade científica definiu o vício em relação a substâncias, como drogas. Mais recentemente, isso tem mudado. Agora, comportamentos, como jogos de azar ou uso da internet e redes sociais também levantam o debate sobre características viciantes.

Em 2013, a APA (Associação Americana de Psiquiatria) do Estados Unidos introduziu a ideia de vício em jogos na internet no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais, que é uma referência mundial para condições de saúde mental. 

Esse foi o primeiro passo para consolidar um debate que vem crescendo há alguns anos. Contudo, mais estudos são necessários antes de que a ciência bata o martelo. Isso porque, quando utilizada com limites, a internet é essencial para a vida cotidiana. 

Mas especialistas compreendem que as redes sociais, por exemplo, podem incitar um uso problemático da internet.

Reforço intermitente

De modo geral, as redes sociais oferecem conteúdos em tempo real e em quantidade sempre crescente. Dessa forma, age sobre os impulsos e circuitos neurológicos de uma pessoa, tornando difícil se afastar do fluxo constante de informações.

Na ciência, uma das principais táticas das redes sociais é o reforço intermitente. Ele consiste na ideia de que um usuário poderia ser recompensado a qualquer momento. No entanto, a chegada da recompensa é imprevisível – pode acontecer daqui cinco minutos ou uma hora.

É o mesmo mecanismo de uma máquina de caça-níqueis, em que a expectativa de ser recompensado faz com que a pessoa fique presa ao aparelho. Assim como no jogo de azar, as luzes e sons fazem parte do processo de atração.

Mas, de maneira ainda mais complexa, as redes sociais fazem isso também com informações personalizadas, que vão de acordo com os interesses e gostos do usuário.

Perigo para os jovens

De modo geral, todos estão suscetíveis a cair neste mecanismo e usar as redes sociais sem limites. Contudo, os jovens estão particularmente em risco.

Isso porque eles ainda não possuem o cérebro tão desenvolvido quanto adultos. Dessa forma, algumas regiões cerebrais envolvidas na resistência à tentação e na recompensa não são tão eficazes.

Por isso eles costumam ser mais impulsivos e menos controlados. Além disso, outro aspecto importante nessa relação com as redes sociais é a sociabilidade.

O cérebro adolescente é especialmente ligado em fazer conexões sociais, o que é super estimulado nas redes sociais, já que elas são feitas justamente para esse objetivo. 

Por isso, podem ser ainda mais perigosas entre crianças e adolescentes. Pensando nisso, o governo brasileiro lançou neste mês o guia “De Boa na Rede”, com objetivo de orientar pais e responsáveis a como manter crianças e adolescentes seguros nas redes sociais. 

O principal objetivo do guia é ajudar a detectar e combater o vício em telas, além de proteger os jovens de crimes na internet.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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