As últimas 5 tempestades que abalaram o Brasil; entenda o porquê
As consequências são trágicas. O Brasil registrou ao menos 479 mortes por chuvas desde o ano passado. A tragédia mais recente, no Recife (PE), contabilizou até agora 121 mortes, com 13 pessoas desaparecidas.
São enchentes, enxurradas e desabamentos que deixam pessoas desabrigadas e famílias em luto. E para o Estado fica a responsabilidade de reconstruir os territórios para remediar a falta de obras preventivas.
No último IPCC, Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU, ficou claro que as fortes chuvas no mundo já são 0,3% mais frequentes e 6,7% mais intensas.
O aquecimento do planeta acelera o ciclo da água o que causa o aumento da evaporação de mares e oceanos, assim mais água está circulando na atmosfera em sua forma de vapor, 90% da qual irá, no fim, precipitar de volta ao mar, enquanto os 10% restantes cairão sobre o continente.
Ou seja, o aquecimento global combinados com fenômeno “La Niña” e um Atlântico Tropical mais quente explicam, em parte, o volume de chuvas que causaram tantas mortes. O “La Niña” ocorre quando os ventos alísios sopram com intensidade sobre o Oceano Pacífico, deslocando a camada de água quente para o oeste.
Vale ressaltar que existe um fator humano responsável por tantas tragédias: a ineficiência do Estado em permitir que tantas pessoas morem em áreas de riscos.
Fizemos uma seleção com as cinco últimas tempestades que abalaram o país. Acompanhe:
1. Embu das Artes – São Paulo (janeiro de 2022)
No início do ano, uma onda de fortes chuvas atingiu a Grande São Paulo e cerca de 500 pessoas ficaram desabrigadas em cidades como Franco da Rocha, Várzea Paulista e Francisco Morato. Em Embu das Artes, três pessoas da mesma família morreram após um deslizamento de terra na madrugada. As vítimas foram a mãe e dois filhos —uma menina de quatro anos e um rapaz de 21 anos.
2. Minas Gerais (fevereiro de 2022)
O Sistema de Alerta de Eventos Críticos (Sace) informou que Minas Gerais foi o estado mais afetado pelas cheias em fevereiro. No dia 23 daquele mês, Minas contabilizava 435 municípios em estado de emergência. Esse número supera o de enchentes históricas anteriores.
3. Sul da Bahia (março de 2022)
Fortes chuvas atingiram cinco de cidades no sul da Bahia: Ilhéus, Jucuruçu, Eunápolis, Itamaraju e Itanhém. As chuvas devastaram as cidades. Três meses após as chuvas, as cidades ainda se encontram isoladas ou com dificuldade de acesso.
4. Petrópolis – Rio de Janeiro (março de 2022)
Considerada a maior tragédia na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio, as fortes chuvas provocaram deslizamentos de terra com 240 mortes e três pessoas ainda desaparecidas. O índice de chuva chegou a 534,4 mm em 24 horas. A média esperada para todo o mês de março era de 250 mm. Hoje, três meses após a tempestade que dizimou a cidade, não existe mais pessoas em abrigos, mas um grande demanda pelo Aluguel Social.
5. Recife – Pernambuco (maio de 2022)
Nos últimos dias de maio, chuvas torrenciais atingiram a capital pernambucana e causou o maior desastre natural da história do estado. Deslizamentos provocaram 121 mortes e 13 desaparecidos. O número de desabrigados é de 7.312 pessoas, que estão em 66 abrigos distribuídos em 27 municípios, segundo o governo pernambucano.
Com a ajuda de cães de busca e aeronaves, mais de 400 bombeiros continuam procurando desaparecidos, a maioria soterrada sob a lama que varreu bairros inteiros. Ao menos 24 municípios declararam estado de emergência. A situação fez com o estado cancelasse a tradicional festa do São João e irá destinar os recursos para os atingidos pela chuva.