Asteroides ou vulcões: o que realmente matou os dinossauros?
A extinção dos dinossauros no período Cretáceo é atribuída à queda de um grande asteroide, que criou uma espessa nuvem de poeira e dizimou essa população. Contudo, um novo estudo publicado na Science sugere que mudanças climáticas já estavam destruindo a vida na Terra muito antes do impacto.
Segundo evidências geológicas, o vulcanismo nas Armadilhas do Deccan, na Índia, também tem relação com o acontecimento.
Isso porque, ao longo de quase um milhão de anos antes — e depois do impacto do asteroide na Terra –, esses vulcões emitiram vastas nuvens de dióxido de carbono e dióxido de enxofre.
Estima-se que suas erupções produziram um milhão de quilômetros cúbicos de lava. Isso significa liberar 10 trilhões de toneladas de CO2 e 9 trilhões de toneladas de SO2.
Esses gases geraram um caos climático, dificultando a existência dos dinossauros e de outros organismos. Então, o asteroide não foi o único ceifador dos dinossauros – apenas o golpe final.
Entenda a pesquisa
Alguns foraminíferos, organismos marinhos minúsculos, viviam na Terra no período dos dinossauros. Eles construíram conchas de carbonato de cálcio, morreram e afundaram no leito do oceano, virando rochas.
A partir das substâncias químicas presentes nessas conchas antigas, cientistas podem determinar as concentrações atmosféricas de carbono e as temperaturas oceânicas de milhões de anos atrás.
Mas, além disso, cientistas usaram um modelo matemático por meio de processadores de computador, e rodaram por 300 cenários diferentes para a atmosfera no período. A execução dessas 300 mil simulações levou algumas dezenas de horas, o que é bastante rápido perto da quantidade de dados para processar.
O modelo simulou níveis de dióxido de carbono e dióxido de enxofre para entender o clima que eles produzir juntos. A ideia era alcançar o clima que coincidisse com os dados do registro fóssil de conchas.
Os resultados
Os pesquisadores descobriram que os vulcões não emitiram CO2 e SO2 em proporções iguais o tempo todo. Enquanto as emissões de CO2 aqueciam o planeta, o SO2 resfriava, refletindo parte da energia do sol de volta ao espaço.
Essa mistura desigual resultou em um desequilíbrio climático que acabou com os organismos. Dessa forma, uma espécie pode ter sido capaz de se adaptar ao aumento das temperaturas, apenas para ser condenada pelas temperaturas mais baixas 50 mil anos depois, ou vice-versa.
Além disso, o vulcanismo também gerou chuva ácida e acidificação dos oceanos. Esses fatores ajudaram a matar as plantas, depois os animais herbívoros e, por fim, os carnívoros.
Em geral, pesquisadores concluíram que o impacto do vulcanismo distorceu o ciclo de carbono do planeta como um todo. Então veio o asteroide, que eliminou instantaneamente os dinossauros e outros organismos próximos.
Para piorar as coisas, o asteroide atingiu uma parte rica em enxofre da Terra. Assim, imediatamente lançou tudo o que tinha dessa substância direto para a atmosfera, o que criou uma névoa que envolveu o planeta.
Dessa forma, cientistas concluíram que, embora o asteroide desempenhou o papel principal, o estudo comprova que o vulcanismo também desempenhou seu papel na extinção dos dinossauros.