Ciência

Astrônomos descobrem o maior buraco negro estelar da Via Láctea

Com 33 vezes a massa do Sol, BH3 é o maior buraco negro estelar conhecido da galáxia e é o segundo mais próximo do nosso Sistema Solar
Imagem: Pixabay/Reprodução

A missão Gaia, da ESA (Agência Espacial Europeia), foi lançada em 2013 para identificar e criar um mapa em 3D de cerca de um bilhão de estrelas espalhadas na Via Láctea. Contudo, as observações trouxeram também uma nova descoberta: o maior buraco negro do tipo estelar da nossa galáxia.

Recentemente, pesquisadores notaram uma oscilação distinta em uma das estrelas da constelação de Aquila. De acordo com os astrônomos, o movimento indicava que a estrela estava sendo puxada por um buraco negro.

“É uma completa surpresa. É o buraco negro de origem estelar mais massivo em nossa galáxia e o segundo mais próximo descoberto até agora”, afirmou Pasquale Panuzzo ao The Guardian. Ele é astrônomo e membro da colaboração Gaia no Observatório de Paris.

Embora os dados coletados pela missão tivessem previsão de lançamento para 2025, os pesquisadores decidiram adiantar a revelação dessa nova informação para que outros astrônomos também possam estudar o novo buraco negro, chamado BH3. Os detalhes foram publicados na revista Astronomy and Astrophysics.

Origem do BH3

O BH3 é um buraco negro estelar, ou seja, ele se formou quando um estrela de grande massa colapsou, já no final de sua vida. De acordo com os astrônomos que o descobriram, ele se formou após a explosão de uma estrela que vivia apenas a dois mil anos-luz da Terra.

Por isso, além da surpresa com a sua massa, ele também é o segundo buraco negro mais próximo do planeta. Além disso, BH3 tem uma estrela companheira.

Para os cientistas da missão Gaia, a estrela foi aprisionada no campo gravitacional do buraco negro após sua formação, uma vez que não há sinais de que esteja contaminada com material expelido pela explosão estelar que formou o BH3.

O gigante da Via Láctea

Em geral, há dezenas de buracos negros estelares na Via Láctea. Mas a maioria deles tem cerca de 10 vezes a massa do Sol. Já o BH3 é 33 vezes mais massivo que a nossa estrela.

Observações adicionais do VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul), no deserto do Atacama, Chile confirmaram a informação. Além da massa, a pesquisa também identificou a órbita da estrela companheira, que circula o buraco negro a cada 11,6 anos.

De acordo com Panuzzo, apenas o buraco negro supermassivo Sagittarius A, localizado no centro da Via Láctea, tem mais massa do que o BH3. Esse gigante cósmico central tem vários milhões de vezes a massa do nosso Sol, porém, ele não é um buraco negro do tipo estelar. Isso porque não existem estrelas com tamanho suficiente para criar buracos negros desse tamanho.

Acredita-se que o Sagittarius A chegou ao seu tamanho atual engolindo gás e poeira de seus arredores ou pela fusão de buracos negros menores. Aliás, uma astrônoma brasileira ajudou a captar a primeira foto deste buraco negro supermassivo.

Por outro lado, o BH3 é semelhante a alguns buracos negros revelados por ondas gravitacionais ou ondulações no espaço-tempo. Geralmente, eles surgem quando buracos negros colidem em galáxias distantes.

“Nós só vimos buracos negros dessa massa com ondas gravitacionais em galáxias distantes”, concluiu Panuzzo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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