Ciência

Bactérias geneticamente modificadas decompõem plásticos em água salgada

A combinação genética de duas bactérias pode decompor o PET, um plástico comum em diversos produtos e poluente dos oceanos
Imagem: Naja Bertolt Jensen/ Unsplash/ Reprodução

Pesquisadores modificaram geneticamente uma bactéria marinha para decompor plástico na água salgada. E o experimento deu certo: como resultados, os microorganismos modificados puderam decompor o polietileno tereftalato (PET). 

O plástico PET é matéria prima de diversos produtos, desde garrafas de água até roupas. Por ser muito presente no cotidiano das pessoas ao redor do mundo, ele também é grande responsável pela poluição terrestre e marinha.

Por isso, a pesquisa pode contribuir para combater a poluição por microplásticos nos oceanos. Os resultados do estudo foram publicados em um artigo na revista AIChE Journal. 

A combinação de duas bactérias

No estudo, os pesquisadores trabalharam com duas espécies de bactérias

A primeira, chamada Vibrio natriegens, prospera na água salgada e se reproduz rapidamente. A segunda, Ideonella sakaiensis, produz enzimas que permitem a quebra e o consumo do PET.

Por isso, durante o experimento, os cientistas implantaram o DNA da bactéria I. sakaiensis na V. natriegens. A ideia era incorporar a capacidade de degradação do plástico com o alto potencial de reprodução das bactérias.

Para fazer essa modificação genética, os pesquisadores utilizaram plasmídeos. Eles são  sequências genéticas que podem se replicar em uma célula, independentemente do cromossomo da célula.

Dessa forma, essa célula executa as instruções do DNA do plasmídeo. Assim, foi possível inserir um plasmídeo com a capacidade de degradação de plástico no gene da bactéria V. natriegens.

Então, ela produziu as enzimas necessárias e conseguiu decompor o PET. Isso aconteceu em ambiente de água salgada, sob temperatura ambiente.

“Isso é importante porque não é economicamente viável remover plásticos do oceano e enxaguar altas concentrações de sal antes de iniciar qualquer processo relacionado à decomposição do plástico”, explicou ao Science Daily um dos autores do estudo, Tianyu Li.

Um longo caminho à frente

No entanto, segundo os pesquisadores, ainda existem três obstáculos significativos. O primeiro diz respeito à estabilidade da característica implantada. Para garanti-la, eles gostariam de incorporar o DNA de I. sakaiensis diretamente no genoma de V. natriegens.

Em segundo lugar, eles alegam que novas modificações genéticas são necessárias para que a bactéria V. natriegens seja capaz de se alimentar dos subprodutos da decomposição do PET. 

Por fim, eles querem fazer com que este produto final da degradação do plástico seja uma matéria-prima útil para a indústria química. Há uma variedade de moléculas que os cientistas podem induzir as bactérias a produzirem. 

Por este motivo, eles se dizem abertos a conversar com quem trabalha na área para compreender quais moléculas a indústria poderia demandar.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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