Ciência

Baleias na menopausa obtêm vantagem evolutiva, apontam cientistas

De acordo com novo estudo feito com orcas, as baleias na menopausa ajudam as filhas a proteger suas proles
Imagem: Felix Rottmann/ Pexels/ Reprodução

Na grande maioria das espécies, as representantes fêmeas continuam férteis até o final de suas vidas. Não é o que acontece entre humanos, uma vez que as mulheres entram na menopausa. E também não é o padrão para parte das baleias.

No total, cinco espécies desse mamífero não permanecem férteis até o fim da vida. Por exemplo, as orcas geralmente se reproduzem até cerca de 40 anos e sobrevivem até aproximadamente os 90 anos.

Além delas, baleias-beluga, narvais, falsas orcas e baleias-piloto-de-barbatana-curta também atingem a menopausa. 

De acordo com cientistas, do ponto de vista evolutivo, permanecer fértil até o fim da vida é vantajoso. Isso porque, quanto mais descendentes uma fêmea puder ter e criar ao longo de sua vida, mais seus genes serão transmitidos para as futuras gerações.

Por isso, pesquisadores debatem qual a vantagem evolutiva da menopausa. Agora, um novo estudo publicado na revista Nature sugere que o motivo é o mesmo para baleias e humanos: proteção da prole.

Padrões diferentes

Para analisar a questão, pesquisadores utilizaram dados que biólogos marinhos coletaram sobre grupos de baleias que haviam encalhado em algum momento de suas vidas. No total, eles conseguiram informações sobre cinco espécies de baleia que entram na menopausa e de 27 espécies que se mantém reprodutivas até o fim da vida, como golfinhos.

Então, eles estimaram a expectativa de vida média das baleias, o número de descendentes que produzem e quanto tempo permanecem férteis. 

Entre as espécies que não passam pela menopausa, encontraram o padrão de que aquelas que são maiores tendem a viver mais tempo. Já entre as cinco espécies menopáusicas, não acontecia o mesmo.

De modo geral, elas permaneceram férteis pelo tempo previsto de acordo com seus tamanhos. Contudo, ainda viveram por mais 40 anos, em média.

Proteção dos descendentes

Para os pesquisadores, a descoberta sugere que a menopausa não acontece porque mutações genéticas diminuíram os anos reprodutivos das baleias. Na verdade, eles acreditam que a seleção natural favoreceu mutações que adicionaram mais anos à vida dos animais mesmo após o fim da fertilidade.

Isso também pode ser uma vantagem. De acordo com os cientistas, essa é uma forma de garantir que baleias mais velhas não deem à luz ao mesmo tempo em que suas próprias filhas. 

Com isso, não entram em conflito – pelo contrário, elas podem até ajudar a criar seus próprios netos. Por exemplo, em situações de emergência, como a que essas baleias-cinzentas passaram.

Além disso, estudos anteriores identificaram que fêmeas mais velhas lideram seus grupos entre as orcas. Já pesquisas com humanos demonstraram que as avós podem fornecer alimentos extras que aumentam as chances de sobrevivência de seus netos.

A longo prazo, os pesquisadores sugerem que essa característica permitiria que as baleias menopáusicas transmitissem mais de seus genes.

No entanto, outros especialistas que não estavam envolvidos no estudo apontam que a amostra de análise é relativamente pequena. Dessa forma, outras pesquisas são necessárias para resultados mais conclusivos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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