Canadá aprova audição de extradição de executiva da Huawei para os EUA
A Huawei sofreu um duro golpe nesta sexta-feira (1º) em sua batalha judicial com o governo dos Estados Unidos. As autoridades canadenses decidiram que uma audição de extradição da diretora financeira da companhia, Meng Wanzhou, poderá ser realizada. A decisão marca um último ato em uma semana conturbada para a Huawei, na qual a companhia conseguiu algumas vitórias mas também saiu com algumas derrotas ao tentar provar para o mundo que não representa uma ameaça.
Meng é filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, e o seu caso tem um peso pessoal muito grande na empresa. Em dezembro, ela foi presa em Vancouver, no Canadá, a pedido dos Estados Unidos que a acusa de mentir para instituições financeiras para burlar sanções internacionais contra o Irã.
De acordo com a Bloomberg, o Departamento de Justiça do Canadá anunciou que estão satisfeitos com uma audição de extradição. Este é um trecho do comunicado da agência:
A decisão segue uma revisão diligente e minuciosa das evidências do caso. O Departamento está convencido de que as exigências definidas pelo Ato de Extradição para a emissão da Autorização de Prosseguimento foram cumpridos e há provas suficientes para serem apresentadas a um juiz de extradição para a decisão.
A audição sobre a extradição de Meng está agendada para se iniciar no dia 6 de março e a expectativa é que haja ressonância política para além do tribunal. Esse caso é apenas uma das facetas da guerra da administração Trump contra a Huawei. A comunidade de inteligência dos Estados Unidos tem tido sérias preocupações sobre o mercado fabril de telecomunicações há anos.
Uma guerra comercial com a China e o desenvolvimento da infraestrutura 5G ao redor do mundo colocou a Huawei na mira de uma administração que teme a dominância chinesa no setor de tecnologia e o potencial de que seus serviços de inteligência permita a instalação de brechas em equipamentos de rede.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos também acusa a Huawei de roubar segredos industriais da T-Mobile. Na quinta-feira, representantes de duas divisões da companhia alegaram inocência em um tribunal federal em Seattle. A companhia é acusado de roubar informações proprietárias sobre um braço robótico altamente sensível que é usado no testes de smartphones.
A Huawei insiste que não auxilia nos esforços de espionagem da China em nenhuma maneira e que seu relacionamento com o governo chinês é o mesmo que outras companhias que operam no país. Antes da decisão do Canadá de avançar com o processo de extradição de Meng, o embaixador chinês no Canadá, Lu Shaye, disse que as acusações feitas pelos EUA são totalmente “grosseiras”. Ele descreveu a situação como um jogo de poder político ao afirmar que “o ataque das agências de inteligência dos EUA e de outros países não se baseia em preocupações reais de segurança nacional, mas destina-se a excluir a Huawei e criar condições de concorrência desleal para beneficiar os equipamentos de telecomunicações de empresas domésticas”.
Os EUA têm conduzido uma campanha frenética para convencer seus aliados a não usarem tecnologias da Huawei em suas redes 5G. Espera-se que o novo padrão de redes seja exponencialmente mais rápido e ele é considerado crucial na implantação de tecnologias com muita demanda de dados, como a comunicação de veículos autônomos.
Em meio aos anúncios e apresentações de produtos da feira Mobile World Congress, em Barcelona, nesta semana, uma delegação enviada pelo governo Trump estava fazendo lobby junto a alguns países para que eles evitassem equipamentos da Huawei.
Mas a semana não foi apenas de más notícias para a Huawei. A companhia roubou a cena na feira com seu smartphone dobrável Mate X e, ao contrário da Samsung, eles não tiverem nenhum medo de permitir que os visitantes colocassem as mãos no produto.
No geral, podemos caracterizar a postura da Huawei nesta semana como agressiva. O CEO da divisão de consumo, Richard Yu, disse ao Business Insider que ele não permitiria o prosseguimento de um projeto de celular com um design similar ao do Samsung Galaxy Fold porque tratava-se de um produto pesado e “ruim”.
A empresa não se concentrou muito em suas dificuldades políticas, mas fez algumas piadas sobre a confiabilidade do governo dos EUA após as revelações de espionagem que foram expostas pelo ex-contratado da NSA, Edward Snowden, em 2013. A marca também colocou anúncios de página inteira em jornais encorajando a mídia a ir até a sede da empresa e dizendo aos repórteres que eles não deveriam acreditar em tudo que ouvem.
Os esforços da Huawei para convencer o mundo de que seu equipamento de telecomunicações é seguro parece ter tido algum sucesso. Na quarta-feira, a Reuters informou que a Alemanha está perto de fechar um acordo com a empresa que permitiria a implantação de equipamentos 5G nas redes do país, e progressos semelhantes foram feitos com a Itália, Nova Zelândia e Reino Unido.
Na semana passada, o CEO da Huawei, Ren Zhengfei, zombou dos Estados Unidos por serem tão paranóicos e disse que toda essa controversa sem sido uma ótima “promoção” se sua marca. “O 5G ainda não e conhecido pelas pessoas comuns”, disse ele em uma entrevista para a CBS. “Mas agora, esses figurões estão todos falando sobre o 5G […] e estamos nos tornando mais influentes e obtendo mais contratos”.