Ciência

Canal do Panamá sofre com seca e gigante do transporte troca mar por ferrovia

O Canal do Panamá, que depende da água doce dos lagos vizinhos, tem sido prejudicado pela intensificação das mudanças climáticas
Imagem: Autoridade do Canal do Panamá/Reprodução

As mudanças climáticas têm impactos significativos na rede global de transporte marítimo, causando uma série de problemas para empresas que dependem do nível dos rios e do mar para trafegar.

Um dos exemplos disso é a Maersk, uma das maiores empresas de logística do mundo. Ela anunciou que está evitando navegar no Canal do Panamá. O motivo disso é que o canal está sendo atingido por uma seca, deixando os níveis de água baixos.

O Canal do Panamá depende da água doce dos lagos vizinhos, já que seu sistema de eclusas utiliza enormes quantidades de água. São pelo menos 190 milhões de litros para fazer cada embarcação flutuar através do canal.

Com as mudanças climáticas alterando os ciclos de chuva, o sistema está enfrentando uma baixa nos seus níveis. Por isso, a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) reduziu a quantidade e o peso das embarcações que passam por ele.

Importante lembrar passam, anualmente, cerca de 12 mil navios pelo Canal do Panamá, rendendo até US$ 1,7 bilhão por ano em lucro para o país. Então essa redução tem um impacto também econômico.

Essa decisão foi com base nos níveis de água atuais e projetados no Lago Gatun, o principal reservatório. Isso gera uma redução no número de navios que podem fazer a travessia.

Como alternativa, a Maersk está apelando pelo transporte ferroviário, enviando suas cargas por uma “ponte terrestre” que utiliza ferrovias para transportar cargas através dos 80 km (49,71 milhas) do Panamá até o outro lado.

Ano mais quente da história

No começo de janeiro, o observatório europeu Copernicus confirmou algo que os cientistas já alertavam durante os últimos meses: o ano de 2023 foi +1,48º C mais quente do que a média da era pré-industrial em todo o mundo.

Inclusive, ele foi o mais quente dos últimos 100 mil anos, conforme o próprio observatório já havia adiantado em dezembro.

De acordo com o Copernicus, todos os dias do ano foram (no mínimo) 1º C mais quente do que o ano de 2022. Inclusive, em dois dias de novembro, ficaram 2°C mais quentes. Este novo recorde ultrapassa em +0,17° C o precedente, de 2016.

Custo econômico da seca

Além do custo na qualidade de vida dos seres humanos e no habitat para os animais, a crise climática também gera prejuízos econômicos, como no caso do Canal do Panamá.

Uma pesquisa, publicada na revista Nature, apontou que a crise climática custa ao mundo R$ 1,9 bilhão por dia. O valor apontado pelo estudo é cerca de US$ 16 milhões por hora, o equivalente a R$ 82 milhões.

Os anos com o maior número de perdas foram 2008, seguido por 2003 e depois 2010 – todos impulsionados por eventos de elevada mortalidade, segundo a investigação.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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