“Cara de dó” e latidos foram essenciais para a domesticação de lobos, diz estudo

Músculos da face e latido mais curto foram características importantes para a domesticação de lobos. Entenda como
Domesticação lobos
Imagem: Simon Hesthaven/Unsplash/Reprodução

Não se sabe a data exata em que a domesticação dos lobos aconteceu, mas os cientistas acreditam que tenha sido em algum momento entre 15 e 35 mil anos atrás, em partes da Europa e da Sibéria.

A teoria mais difundida é que os caninos se aproximaram dos humanos para comer os restos de carne deixados nos acampamentos. Nesse movimento, surgiu uma relação que era benéfica para ambas as espécies. Mas de que forma ela evoluiu para a amizade vista hoje entre tutor e cão? 

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Duquesne, nos EUA, está investigando essa relação. Durante a reunião anual da Associação Americana de Anatomia na Filadélfia, os cientistas apresentaram um estudo que pode dar pistas sobre isso.

Novo estudo

Sabe aquela cara de dó que o pet esboça após fazer algo errado ou para pedir comida? Ela só é possível porque o animal possui uma musculatura definida ao redor do olho que permite que ele levante as sobrancelhas. Durante o estudo, os pesquisadores também analisaram os músculos faciais de lobos e perceberam que os selvagens não tinham o mesmo atributo.

Isso leva a crer que, à medida que os humanos domesticaram os lobos, eles selecionaram indivíduos com comportamentos e características mais amigáveis – ou seja, sobrancelha levantada ou mesmo focinhos menores. A fofura ajudou os animais a conquistarem de vez o Homo sapiens.

E não para por aí. Os cientistas também avaliaram a musculatura relacionada à vocalização dos animais. Eles esperavam que o padrão dos cães fosse semelhante ao dos humanos, com os lobos tendo fibras de contração mais diferenciadas. 

Não foi isso que aconteceu. No geral, os lobos tinham fibras de contração lenta, assim como os humanos, enquanto os cães apresentavam fibras de contração rápida. A hipótese é que a musculatura esteja relacionado a fala e aos uivos, ambas vocalizações prolongadas. Os cachorros, por sua vez, usam o latido com mais frequência, que é considerado uma vocalização curta.

E isso também pode ser culpa de nossos antepassados. Provavelmente, os humanos antigos preferiram os lobos com vocalizações curtas, que usavam o latido como um aviso para qualquer ameaça repentina. E assim os membros mais aptos para viver ao nosso lado foram selecionados e domesticados.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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