Carne representa 86% da pegada de carbono na dieta dos brasileiros
Um estudo realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) registrou o aumento do consumo de carne por parte dos brasileiros nos últimos 16 anos. A mudança afeta diretamente o meio ambiente, com a ingestão da proteína representando 86% da pegada de carbono da dieta.
A equipe comparou dados da Pesquisa de Orçamento Familiar obtidos em 2008 e 2017. Então, os pesquisadores analisaram as mudanças na dieta brasileira neste período, levando em conta não só o consumo individual, mas também a mudança no preço dos alimentos.
Mais carne e menos peixe
Segundo o estudo, a presença de carne no prato dos brasileiros aumentou 12% quando consideradas todas as faixas de renda. Por outro lado, o consumo de peixe reduziu 23%, enquanto de porco e frango aumentaram, respectivamente, 78% e 36%. A carne bovina, apesar de ser a mais consumida no país, não sofreu mudanças expressivas.
Ao olhar apenas para as famílias mais pobres, o resultado é outro. Esse grupo não aumentou o consumo total de carne durante o período analisado, provavelmente devido a fatores como preço e acesso ao alimento. Porém, a faixa de renda seguiu o padrão acima, diminuindo o consumo de peixe e aumentando as refeições com porco e frango.
Impacto ambiental
Isso significa que o impacto ambiental das pessoas de baixa renda foi inferior quando comparado aos demais grupo. A pegada de carbono total da dieta brasileira, no entanto, é de 86%. O número é justificado pelo desmatamento que dá espaço para a criação de pastos para a agropecuária.
Não é apenas o meio ambiente que sofre com o alto consumo da carne. Aline Martins de Carvalho, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP, disse em comunicado que o consumo da proteína em altas quantidades pode aumentar o risco de câncer de intestino, hipertensão, diabetes e obesidade.
Por conta disso, é necessário a criação de políticas públicas para educar a população sobre os impactos do consumo exagerado de carne no ecossistema e na saúde. O estudo completo pode ser acessado na revista Environment, Development and Sustainability.