Carros dirigidos por robôs causam alarme falso para polícia americana
Os carros de serviços de carona dirigidos por robôs estão “passando trotes” na polícia da Califórnia, nos EUA. O motivo: eles chamam as autoridades a qualquer falta de resposta dos passageiros que estão no banco de trás.
Diferentes órgãos públicos já enviaram reclamações à Comissão de Serviços Públicos da Califórnia. Eles dizem que os bots-motoristas ligam para o 911 depois que seus passageiros não respondem ao link de voz instalado no carro.
Na maioria das vezes, policiais e bombeiros vão até o local, mas não encontram nada além de passageiros que pegaram no sono durante a viagem. Em pelo menos dois casos, os veículos impediram que os bombeiros apagassem incêndios.
Segundo a carta enviada por três agências públicas de São Francisco, esses incidentes desperdiçam dinheiro público e potencialmente desviam recursos de pessoas que realmente precisam de ajuda.
Na Califórnia, serviços de carona Cruise, subsidiária da General Motors, e Waymo, da Alphabet, já permitem que usuários chamem carros de aplicativo sem motorista. Agora, essas reclamações devem frear os pedidos das empresas para aumentar os serviços pagos de robô-táxi em São Francisco e Los Angeles.
Segundo as autoridades, as tecnologias “não estão prontas” para atender à demanda local. Os órgãos também exigem que as empresas compartilhem dados sobre o desempenho dos carros e atenda a parâmetros de referência específicos antes que o serviço cresça.
Casos emblemáticos
As agências relatam diversos incidentes que falam contra o uso de carros dirigidos por robôs na Califórnia. Em junho, um dos veículos sem condutor da Cruise passou por cima de uma mangueira que era usada para conter um incêndio.
O episódio se repetiu na metade de janeiro. Os bombeiros chegaram a quebrar um dos vidros do veículo para impedir que este passasse por cima das mangueiras. Essa ação, segundo uma das cartas, “pode ferir os bombeiros gravemente”.
Só em São Francisco, foram 92 incidentes do tipo entre maio e dezembro de 2022. Os casos incluem paradas inesperadas ou não planejadas em faixas de ônibus, trens e bondes.
Uma porta-voz da Cruise disse que alguns dados que a Cruise fornece aos reguladores devem ser mantidos em sigilo para a segurança do cliente e para manter “informações proprietárias”.
“A empresa dirigiu milhões de quilômetros em um ambiente urbano extremamente complexo sem ferimentos ou risco de vida”, escreveu em um comunicado ao qual o site Wired teve acesso.
Os EUA não têm leis federais que regem o teste ou implantação de carros autônomos em vias públicas. Alguns estados, como a Califórnia, criaram as próprias regras para a tecnologia.
A Cruise começou seus testes em 2021 e possui, hoje, 30 veículos com motoristas-robôs. A empresa quer aumentar sua frota para 100 carros. No ano passado, lançou o serviço em Phoenix (Arizona) e Austin (Texas).
A Waymo, por sua vez, opera desde 2020, mas só ganhou permissão da cidade de São Francisco para pegar passageiros em seus carros sem motorista em novembro. Em outubro, anunciou que também passaria a atuar em Los Angeles.