Os casos médicos mais bizarros de 2019
O 2019 foi realmente um ano cheio e meio bizarro. Em nenhum outro lugar isso é mais evidente do que nos bizarros casos médicos que apareceram por aí. Por isso, fizemos uma breve retrospectiva, para o caso de você nunca mais querer ter uma boa noite de sono.
Injeção de esperma
A automedicação é sempre arriscada. Para um homem de 33 anos na Irlanda, uma tentativa especialmente criativa de tratar a sua própria dor o levou ao hospital.
Em janeiro, os médicos relataram que o homem tinha passado pelo menos 18 meses tomando injeções com o seu próprio esperma usando uma agulha hipodérmica comprada pela internet. Um esforço completamente desconcertante para curar as suas dores lombares crônicas.
Não só o remédio caseiro não parecia funcionar, mas a sua última tentativa fez com que ele precisasse ser hospitalizado imediatamente para tratar o braço, que ganhou uma infecção.
Sem surpresas, os médicos não conseguiram encontrar nenhum outro caso semelhante de alguém que tentou tratar dores nas costas com uma injeção de esperma, nem sequer conseguiram encontrar uma dica na internet de por que o homem fez isso. Imagine só: uma ideia tão absurda que ninguém na internet havia sugerido antes.
Ele melhorou das dores e saiu do hospital por conta própria, deixando para trás um mistério que talvez nunca seja resolvido.
O gato que causava esquizofrenia
Em março, médicos relataram um caso assustador de um menino de 14 anos que provavelmente ficou louco após contrair uma infecção bacteriana aguda encontrada em gatos.
Durante um período de 18 meses, o menino, outrora saudável, entrou em depressão, ideação suicida e psicose. Ele sofreu alucinações que o tornaram violento e homicida, e sua família acabou doando seus animais de estimação, temendo que ele pudesse machucá-los. Embora inicialmente diagnosticado com esquizofrenia, o rapaz não respondeu à medicação antipsicótica.
Só no início de 2017, quando um médico detectou lesões de “estrias” durante um exame, é que a verdadeira causa do seu sofrimento foi descoberta: o seu cérebro tinha sido infectado por um tipo de bactéria espalhada por gatos e outros animais, chamada Bartonella. Na verdade, a infecção específica, geralmente leve, é popularmente conhecida como doença da arranhadura do gato.
Depois que sua família conseguiu entrar em contato com um dos poucos especialistas em Bartonella no país, os médicos puderam tratar a infecção com sucesso. No final, o rapaz conseguiu se recuperar completamente física e mentalmente.
É provável que o caso do rapaz tenha sido uma complicação rara da infecção por Bartonella. Mas como a bactéria é tão pouco estudada, como explicou o autor do estudo de caso Ed Breitschwerdt ao Gizmodo, que não se sabe com que frequência as pessoas podem ficar gravemente doentes, nem como exatamente a bactéria afetou o cérebro do garoto.
Empinou a moto e outra coisa também
Em maio, médicos no Reino Unido relataram uma daquelas histórias que só têm graça anos depois de ter acontecido com você. Um paciente de 35 anos, do sexo masculino, acabou indo para o pronto socorro com uma ereção de grau quatro, o maior nível da Escala de Rigidez de Ereção – um termo médico que realmente existe – que já durava nove dias.
A maioria dos casos de ereção persistente acontece por causa de um bloqueio dos vasos sanguíneos que chegam ao pênis. O problema aconteceu após ele ter caído de sua motocicleta e ter ferido o períneo, a área entre o genital e o ânus.
A lesão rompeu os vasos sanguíneos próximos, o que fez com que o sangue se acumulasse ao redor de seus genitais e criasse novas conexões que redirecionaram o sangue para seu pênis.
Felizmente, os médicos foram capazes de criar coágulos que interromperam o fluxo sanguíneo e que se dissolveram sozinhos posteriormente. Embora tenha demorado algum tempo para se recuperar, ele conseguiu voltar a ter relações sexuais depois de um ano.
O parasita do desafio
Não há mistério nesse aqui.
Em maio, as autoridades de saúde do Havaí foram obrigadas a emitir um alerta aos turistas de que deveriam evitar comer lesmas cruas, mesmo nas piores situações. As criaturas viscosas podem infectar quem fizer isso com a larva parasita do pulmão de rato, como também é conhecida a Angiostrongylus cantonensis.
Como o nome indica, os humanos normalmente não estão no menu da larva. Os vermes instalam-se nos pulmões de um rato, onde causam problemas suficientes para que o rato tente tossi-las. Elas, então, são ingeridas de volta através sistema digestivo e expelidas. Lesmas e caracóis comem essas fezes de ratos contaminadas, ou os vermes invadem esses bichos quando eles entram em contato próximo com o cocô. Finalmente, outros ratos comem as lesmas e o ciclo recomeça.
Mas às vezes as pessoas ficam no meio dessa majestosa dança da vida e comem as lesmas. Apesar de sermos um beco sem saída para os vermes e eles logo desaparecem, eles ainda podem causar uma infecção cerebral grave com risco de vida: a meningite.
Normalmente, isso acontece por acidente. As pessoas geralmente são infectadas pela ingestão de vegetais contaminados com lesmas ou restos delas. Mas, em pelo menos um caso, as autoridades de saúde relataram que uma pessoa ficou doente em dezembro passado “aós comer propositalmente uma lesma em um desafio”.
Embora a larva do pulmão de rato seja comumente encontrada no sudeste da Ásia e na Bacia do Pacífico, há indicações de que seu território está começando a se expandir ainda mais nos EUA, pois o clima quente tornou mais áreas habitáveis para as muitas lesmas capazes de hospedar o verme.
Uma nuvem de moscas fez mal para os olhos
Existem poucas combinações de palavras que são tão nojentas como “uma nuvem de moscas”. Mas, infelizmente, essa é a realidade que Dianne Travers-Gustafson, uma antropóloga médica aposentada e pesquisadora de saúde pública de Nebraska, teve que enfrentar enquanto fazia jogging pela Califórnia em fevereiro de 2018. Pior ainda, a experiência a deixou com uma infestação quase sem precedentes de vermes oculares.
Sua doença foi detalhada em outubro deste ano em um relato de caso que ela mesma escreveu, em parceria com seus médicos. Embora o relatório não a nomeie como paciente, Travers-Gustafson mais tarde concordou em compartilhar sua história diretamente.
“Vivemos em uma fazenda e temos gado, por isso tem moscas por lá… Mas nunca vi nada parecido com isso”, disse ela ao Gizmodo.
Um mês após o encontro com as moscas, seus olhos estavam lacrimejando constantemente. Ela, então, decidiu a olhar mais de perto com uma caneta de luz e um espelho de aumento. No olho direito, ela viu inconfundivelmente “três pequenas coisas translúcidas e brilhantes” se movendo.
Travers-Gustafson, como ela descobriu mais tarde, tornou-se a segunda pessoa conhecida a estar infestada pelo verme de olho de gado. Essa lombriga é espalhada por uma espécie de mosca que normalmente bebe as lágrimas de animais grandes, como cavalos e bois. Mas a enorme massa de moscas que a médica encontrou naquele dia deve ter tido tempo suficiente para infectá-la com larvas de vermes. Enquanto os vermes podem causar danos mais sérios nos animais, Travers-Gustafson foi capaz de remover todos eles (ela suspeita que havia um quarto parasita no olho esquerdo) sem complicações duradouras.
Sendo uma cientista, ela se sentiu obrigada a divulgar sua situação, na esperança de aumentar a conscientização sobre o que poderia ser uma doença emergente, embora ainda muito rara, nos EUA. Temos que aplaudir Travers-Gustafson por sua notável frieza em relação à doença.
“Meu primeiro pensamento, na verdade, foi: ‘Uau, fascinante. Isto é interessante. O que diabos está acontecendo aqui?’ Então, um segundo depois, eu fiquei tipo: ‘Caramba, eu sou uma hospedeira? ‘”, disse ela.