Cientistas descobrem antiviral melhora perda de olfato e paladar da Covid-19
Dois dos sintomas mais comuns da Covid-19 no início da pandemia eram a perda de olfato e paladar. Em geral, cerca de 50% das pessoas apresentaram um ou outro — ou ambos. Agora, cientistas japoneses descobriram que um remédio acelera a recuperação desses sentidos.
O medicamento em questão é o antiviral ensitrelvir, que recebeu aprovação de emergência no Japão em 2022. Hoje, ele está disponível no país para pessoas com Covid-19 que têm sintomas leves a moderados, independentemente de seus fatores de risco.
Contudo, o medicamento não foi liberado em outros países. E, mesmo após a aprovação no Japão, a empresa que desenvolve o remédio, Shionogi, continua fazendo ensaios clínicos.
O que se sabe até agora
De acordo com os ensaios clínicos, o ensitrelvir reduziu em quase 40% a perda de olfato e paladar.
Os testes foram feitos da seguinte forma: cientistas dividiram dois grupos de pessoas com sintomas leves ou moderados da Covid-19. Um deles recebeu doses de 125 ou 250 miligramas de ensitrelvir. O outro recebeu um placebo.
De acordo com os pesquisadores, após o terceiro dia de tratamento, a proporção de participantes que relataram tais sintomas nos grupos de ensitrelvir começou a diminuir mais acentuadamente do que no grupo do placebo.
Já no sétimo dia, a porcentagem de participantes com perda de olfato ou paladar era 39% menor no grupo que tomou comprimidos de 250 miligramas em comparação com o grupo do placebo.
Estes resultados foram apresentados em outubro, na IDWeek, que é uma reunião de especialistas em doenças infecciosas e epidemiologistas que aconteceu em Boston, Estados Unidos.
Avanço na ciência
Outro medicamento já havia mostrado eficácia na redução da perda de olfato e paladar causada pela Covid-19. Contudo, apenas as pessoas mais vulneráveis podem tomá-lo. Por isso a descoberta dos efeitos do ensitrelvir é importante, já que o uso não é limitado.
De forma geral, a perda de olfato e paladar são menos comuns agora do que nas fases inicias da pandemia. Isso se deve, em partes, pelas características das variantes ômicron, que se tornaram dominantes. Ainda assim, a descoberta é relevante.
“O que estamos tentando fazer não é apenas minimizar a doença grave, hospitalização e morte, mas também minimizar a interrupção que uma infecção causa nas atividades das pessoas”, disse à Nature Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas no Centro de Segurança em Saúde Johns Hopkins.