Cientistas descobrem composição das “bolas pretas” que invadiram Austrália
Cientistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Nova Gales do Sul estão mais perto de solucionar um mistério em Sydney. Semanas atrás, milhares de bolas pretas pegajosas, levadas pela maré, apareceram nas praias da Austrália, gerando curiosidade sobre sua origem.
Agora, análises da equipe, em parceria com outros órgãos, detectaram que o material não é natural. Além disso, não é apenas um vazamento de óleo. “É mais consistente com resíduos gerados pelo homem”, disse o líder da investigação, o professor Jon Beves, da Escola de Química.
“Descobrimos que as esferas pegajosas continham centenas de componentes diferentes, incluindo moléculas derivadas de óleo de cozinha e espuma de sabão, produtos químicos PFAS, compostos esteroides, medicamentos anti-hipertensivos, pesticidas e medicamentos veterinários”, disse Beves. As substâncias citadas consistem com contaminação de esgoto e escoamento industrial.
Além disso, foram identificados marcadores de resíduos fecais humanos, como epicoprostanol e resíduos de drogas recreativas como THC (da maconha) e metanfetamina, que combinam com contribuições de fontes domésticas.
A datação por radiocarbono indicou que o interior das bolas tinha cerca de 70% de carbono moderno e 30% de carbono fóssil. Já a superfície era composta de aproximadamente 85% e 15% de cada um, respectivamente.
“Essa combinação sugere uma mistura de substâncias derivadas de combustíveis fósseis e fontes vegetais ou animais”, explicou Beves.
Bolas pretas na Austrália não são derramamento de combustível
Os procedimentos revelaram que o material era uma mistura complexa de gorduras, óleos, cálcio e outros metais, incompatível com derramamentos comuns de combustível ou óleo marítimo. Por outro lado, essas presenças podem ter relações com manchas de gordura, óleo e graxa comumente formadas em sistemas de esgoto.
Cálcio e outros elementos metálicos são famosos por aumentar o processo de formação de bolhas ao se ligarem a ácidos graxos e formarem agregados que não se dissolvem em água. Essas massas podem se tornar densas e levar à criação de bolhas pegajosas, sobretudo quando as gorduras entram em contato com água fria.
Por enquanto, a origem das bolas continua desconhecida, o que reforça a importância do monitoramento. A concessionária Sydney Water afirmou que não identificou problemas com as estações de tratamento de água.
Além disso, a equipe da pesquisa também recebeu alertas sobre outras bolas menores nos últimos dois anos, que devem passar por estudos posteriores.