Ciência

Cientistas descobrem muralha construída por homens da era do gelo

Muralha de pedras tem alinhamento regular e está no Mar Báltico; evidências sugerem que foi usada para caça na Idade da Pedra. Saiba mais!
Imagem: Geersen J et al./ Reprodução

Na região do Mar Báltico, próximo à Alemanha e a 21 metros de profundidade no oceano, pesquisadores encontraram uma muralha de pedras com quase um quilômetro de comprimento. No total, são 1.500 pedras, alinhadas de maneira tão regular que os cientistas descartaram a formação natural.

Analisando a muralha, eles acreditam que tenha por volta de 11 mil anos. Isso faz com que essa possa ser a primeira evidência de uma estrutura de caça do período Neolítico na região. A descoberta foi publicada na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Entenda a pesquisa

A muralha foi encontrada ao acaso, enquanto cientistas estudavam crostas de manganês no leito do mar. Para analisar o local da descoberta, eles utilizaram métodos geofísicos modernos. Com isso, puderam criar modelos de 3D do muro em detalhe. 

Assim, também puderam reconstruir a antiga paisagem que rodeava a estrutura. Pelas evidências do solo, que é uma crista de tilito basal, os pesquisadores concluíram que o local era um lago ou um pântano.

Dessa forma, a muralha de pedra provavelmente foi construída antes do aumento significativo do nível do mar, que aconteceu após o final da última era do gelo, por volta de 8.500 anos atrás.

“Neste momento, toda a população da Europa do Norte provavelmente era inferior a 5.000 pessoas. Uma de suas principais fontes de alimentos eram os rebanhos de renas, que migravam sazonalmente pela paisagem pós-glacial pouco vegetada”, afirma Marcel Bradtmöller, autor da pesquisa.

Por isso, ele e sua equipe acreditam que a muralha foi usada para guiar as renas para um gargalo entre a costa e o próprio muro, onde os caçadores da Idade da Pedra poderiam matá-las mais facilmente.

Desde a descoberta, os pesquisadores estão em contato com a agência estadual de cultura e preservação de monumentos de Mecklenburg-Vorpommern. Agora, ela está coordenando novas investigações.

A ideia é encontrar novas evidências arqueólogicas ao redor da muralha para que tenham mais suporte na definição da idade da estrutura. Além disso, os cientistas também pretendem utilizar a datação por luminescência. Em geral, ela determina quando a superfície de uma pedra foi exposta pela última vez à luz solar.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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