Rir é o melhor remédio: cientistas descobrem relação entre riso e saúde do coração

Pesquisadores brasileiros testaram terapia do riso em pacientes com problemas no coração e observaram melhora em seu quadro
Rir é o melhor remédio: cientistas descobrem relação entre riso e saúde do coração
Imagem: Brian Lundquist/ Unsplash/ Reprodução

Um grupo de pesquisadores do Hospital das Clínicas de Porto Alegre investigou se o velho ditado “o riso é o melhor remédio” pode ser levado ao pé da letra. Durante três meses, eles testaram o efeito que assistir a comédias tinha no quadro clínico de pacientes com doenças cardíacas.

A ideia era checar se a terapia do riso realmente tinha algum potencial de melhorar os sintomas desses pacientes. E, aparentemente, eles estavam certos

Em geral, pacientes com doença arterial coronariana que participaram de sessões de terapia do riso tiveram redução na inflamação e melhora na saúde.

“Nosso estudo descobriu que a terapia do riso aumentou a capacidade funcional do sistema cardiovascular”, disse o autor principal do estudo, o professor Marco Saffi, durante a reunião anual da Sociedade Europeia de Cardiologia. Esta é a maior conferência de cardiologia do mundo e, neste ano, aconteceu em Amsterdã.

Entenda a pesquisa

O estudo envolveu 26 adultos com uma idade média de 64 anos. Todos eles já tinham o diagnóstico de doença arterial coronariana, uma condição causada pelo acúmulo de placas nas paredes das artérias que fornecem sangue ao coração.

Metade dos participantes assistiu dois programas de comédias diferentes durante uma hora por semana, durante três meses. Enquanto isso, a outra metade assistiu a dois documentários sobre temas como política ou a floresta amazônica. A ideia era contrastar as sitcoms com assuntos mais sérios.

Rir como remédio para o coração

Depois de 12 semanas, os grupos foram testados em dois aspectos: quanto de oxigênio o coração pode bombear pelo corpo e quão bem as artérias podem se expandir. Aqueles que assistiram às comédias tiveram uma melhora de 10% nos testes.

Os biomarcadores inflamatórios foram outros indicadores positivos. Geralmente, eles mostram o quanto de acúmulo de placas ocorre nos vasos sanguíneos e se as pessoas estão em risco de ataque cardíaco ou derrame. 

Depois do período de terapia com risadas, esses biomarcadores haviam diminuído significativamente em comparação com o grupo de controle. Em geral, os autores do estudo creditam os resultados aos efeitos relaxantes e anti estresse das risadas. 

“O riso ajuda o coração porque libera endorfinas, que reduzem a inflamação e ajudam o coração e os vasos sanguíneos a relaxar”, disse Saffi. “Também reduz os níveis de hormônios do estresse, que colocam pressão sobre o coração.

No entanto, a ideia não é que as risadas substituam o tratamento. “Rir ajuda as pessoas a se sentirem mais felizes em geral, e sabemos que quando as pessoas estão mais felizes, elas têm mais facilidade em aderir à medicação”, afirmou o autor do estudo.

Ainda que os resultados sejam animadores, o ensaio precisa ser replicado para que cientistas determinem se apenas as risadas levaram às melhorias observadas. Novas pesquisas também podem indicar quanto tempo os efeitos da terapia do riso podem durar.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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