Ciência

Clima aumenta o preço do cacau e chocolate pode ficar caro

Além disso, chocolateiros do Brasil concorrem com compradores do exterior, que pagam em dólar. Entenda como o clima afeta o cacau
Imagem: Pexels/Reprodução

O preço do cacau commodity — ou bulk, o mais comum — chegou a US$ 12 mil em abril deste ano, muito acima da média histórica (e pode aumentar ainda mais). O alimento, que era negociado por US$ 4.000 até o ano passado, está flutuando de valor devido às mudanças do clima, que tem afetado a produção de cacau em Gana e na Costa do Marfim, na África Ocidental.

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Além disso, a compra de posições para especulação por fundos de investimento fez com que o preço deixasse de ser controlado pelas bolsas de Londres e Nova York, segundo Tuta Aquino, vice-presidente da Associação Bean to Bar Brasil, para a Folha de S. Paulo.

O preço do cacau fino, mais caro, cultivado em vários lugares do Brasil e usado pelas fábricas artesanais de chocolate, também está em alta. Do ano passado até o junho deste ano, o quilo subiu de R$ 35 para R$ 85. A manteiga de cacau, aliás, subiu mais de R$ 120.

A safra temporã de cacau no sul da Bahia, por exemplo, está atrasada. Aquino explica que a floração na primavera sofreu com muito calor e pouca chuva. Os chocolateiros do Brasil ainda concorrem com compradores do exterior, que pagam em dólar.

Prejuízos na produção de cacau faz indústria aumentar preços

O resultado reflete no bolso do consumidor, com a a indústria do chocolate já aumentando os preços – e quem não tinha estoque, sofre. De acordo com Vanessa Rizzi, sócia da fábrica artesanal Raros Fazedores de Chocolate o preço das barras de 50 gramas passou de R$ 18 para R$ 21,70.

“Na venda direta, o consumidor se assusta, mas a gente explica a situação. Como gosta do produto, ele paga, mas compra menos quantidade. Já registramos uma redução de 20% nas vendas. Com os revendedores é pior, nem todos entendem”, declarou.

Claudia Schultz, da Chokolah, acrescenta: “Sei que meu fornecedor segurou a entrega para especular. Cheguei a produzir 6 toneladas de chocolate e derivados por mês, mas hoje não chego a 2 toneladas”.

De acordo com Bruno Lasevicius, presidente da Associação Bean to Bar do Brasil, é necessário se adaptar à situação. “Desenvolvi uma linha com frutas, para diminuir a quantidade de cacau, e deixei de fabricar o branco, pelo alto custo da manteiga de cacau [devido ao clima]. Também estava programando o lançamento de barras de 80 gramas, mas desisti”, contou.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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