Como brasileiros recebem notícias de familiares na Ucrânia sem energia elétrica

Com familiares na Ucrânia, brasileiros recorrem às redes sociais para manter o contato em meio a frequentes quedas de energia e internet no país em guerra
Como brasileiros recebem notícias de familiares na Ucrânia sem energia elétrica
Imagem: Arquivo pessoal/Reprodução

WhatsApp, Messenger, Skype ou e-mail: essas são as formas mais fáceis – e efetivas – de brasileiros terem notícias dos familiares que estão na Ucrânia, país que está em guerra contra a Rússia. Acompanhe a reportagem do Giz Brasil.

A comunicação ocorre normalmente, exceto quando é interrompida pelas quedas de internet e energia que podem acontecer a qualquer momento por causa de ataques. 

O último grande corte foi em 26 de dezembro, quando a operadora estatal Ukrenergo desligou a energia emergencialmente nas regiões de Dnipropetrovsk, Zaporizhzhia, Kharkiv, Lviv e na capital Kiev.

Os primos do advogado Marcelo Hrysewicz, de São Caetano do Sul (SP), estão em Lviv, na fronteira com a Polônia. Ele conta que os familiares ficaram mais de 12 horas sem luz no Natal. 

“Quando isso acontece, vivem à base de bateria, luzes de emergência e suportam o frio enquanto a luz não volta”, contou ao Giz Brasil. Hrysewicz conheceu os primos pessoalmente em 2019, quando viajou à Ucrânia. Hoje, só tem contato através da internet – quando há luz. 

Como brasileiros recebem notícias de familiares na Ucrânia sem energia elétrica

O advogado brasileiro Marcelo Hrysewicz e seus familiares em visita à Ucrânia, em 2019. Imagem: Marcelo Hrysewicz/Arquivo pessoal/Reprodução

A situação é parecida com a de Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira, ao Giz Brasil. Descendente de ucranianos, Sorotiuk vive em Curitiba e mantém contato com familiares, amigos e colegas de trabalho no país europeu. 

“Quando não ocorrem esses cortes, a comunicação é normal”, contou. “Por telefone também é possível, mas via internet é mais comum, desde que não tenha tido nenhum ataque ou algo que impeça essa conexão com quem vive lá”, explicou. 

Acesso  

A população ucraniana teve seu cotidiano transformado desde fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o território e reivindicou a fronteira leste do país, na região de Donbass. Por causa disso, cresceram as limitações de comunicação com quem segue por lá. 

Desde o estopim do conflito, a Ucrânia recebeu quase 22 mil antenas da Starlink, empresa de internet por satélite de Elon Musk. Em 21 de dezembro, Kiev anunciou a instalação de mais de 10 mil terminais nos próximos meses. Com isso, o problema da falta de internet no país estará resolvido, afirmou. 

Mas, além da internet, há outras questões pendentes, como a sequência de bombardeios russos contra cidades ucranianas.

O último foi na quinta-feira (29 de dezembro), quando as forças de Moscou lançaram 69 mísseis sobre Kiev e destruíram quase 30 estruturas, entre edifícios residenciais e instalações públicas. Enquanto isso, a Rússia acusa a Ucrânia de atacar sua base duas vezes só em dezembro. 

A Ucrânia também enfrenta uma crise de energia sem precedentes. Assim como o resto da Europa, o país dependia fortemente do gás russo, que foi cortado logo após o início do conflito. Agora, Kiev recorre aos aliados para buscar energia, e tenta escorar todo o consumo nas usinas nucleares que ainda funcionam no país. 

Sem contato

Enquanto isso, é provável que ucranianos com familiares russos estejam com dificuldades ainda maiores de estabelecer contato.

No território russo redes sociais como Instagram, WhatsApp e Twitter, estão bloqueadas, assim como o acesso a veículos de mídia independentes. O jeito é usar VPNs – algo relativamente comum para contornar as restrições. 

A maioria dos russos acessa informações através da imprensa controlada pelo governo, que diz que suas tropas “libertarão” a Ucrânia e proibiu os veículos de usarem o termo “guerra”. No lugar, devem usar “operação militar especial”. 

Ainda em março, o Kremlin sancionou uma lei que pune com até 15 anos de prisão todos aqueles que propagarem “informações falsas” sobre o exército russo. Por isso, veículos independentes, como o Novaya Gazeta, Meduza e Mediazona, deixaram o país. 

Até a publicação deste texto não havia perspectivas de negociações para acabar com a guerra.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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