Ciência

Como grandes herbívoros ajudam a evitar incêndios florestais

Grandes queimadas são consequência direta das mudanças climáticas. Mas há outro ponto de atenção: a queda das populações de herbívoros
Imagem: Nick Fewings/ Unsplash/ Reprodução

Nos últimos anos, mega incêndios devastaram regiões florestais na Austrália, nos Estados Unidos e na República Democrática do Congo. Embora a frequência desses eventos possa ser consequência direta das mudanças climáticas, há outro ponto de atenção: a queda das populações de grandes herbívoros.

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Cerca de 60% das espécies dos maiores herbívoros terrestres do mundo estão em risco de desaparecer. As principais ameaças são a caça excessiva e o avanço do gado, que leva ao desmatamento.

A relação entre os animais e os incêndios não é novidade. No final da última era glacial, a expansão humana levou à extinção espécies como mamutes, cangurus-gigantes e outros representantes da megafauna.

Segundo a revista Scientific American, existem evidências arqueológicas que indicam que isso levou ao aumento de incêndios florestais.

Como grandes herbívoros previnem incêndios?

Em geral, grandes herbívoros reduzem o combustível disponível para incêndios florestais. O búfalo americano e o rinoceronte-branco, por exemplo, consomem arbustos. Isso leva a diminuição da matéria foliar, o que reduz a altura da chama e abaixa a taxa de propagação do fogo.

Além disso, a alimentação à base de plantas desses animais muda a composição da vegetação em áreas grandes, o que cria habitats diversos. Essa diversidade é essencial para a criação de barreiras naturais contra incêndios.

Dessa forma, diminuem a vulnerabilidade de alguns locais — o que especialistas dizem afetar a regularidade, a velocidade e a intensidade dos incêndios.

Outro aspecto importante é o da movimentação desses animais selvagens. Conforme se deslocam, eles criam trilhas que também servem como barreira na propagação do fogo. 

Isso porque as pegadas podem gerar poças de água ou lama que, mesmo temporárias, interrompem o fluxo do incêndio, caso aconteça.

Reintrodução animal?

Segundo especialistas, a reintrodução de grandes herbívoros selvagens e domésticos para a prevenção de incêndios florestais já funcionou antes. Pesquisadores na Austrália testaram a reintrodução de espécies de ratos e wallabies, em áreas de onde haviam desaparecido.

Como resultado, a quantidade de folhas no solo diminui. Além disso, o comportamento do fogo mudou, comprovando que esses animais tinham impacto na altura e velocidade das chamas. 

O mesmo já foi feito nas Ilhas Galápagos. No entanto, o animal reintroduzido foi a tartaruga gigante. Ela regulou a vegetação arbustiva e criou mosaicos de vegetação, reduzindo a propagação de incêndios florestais.

De modo geral, especialistas dizem que cada ecossistema precisará de um plano específico de reintrodução. Contudo, concordam que a estratégia mais eficaz geralmente é combinar dois tipos de herbívoros: aqueles que se alimentam de gramíneas e aqueles que se alimentam de folhas, brotos ou frutas.

Os pesquisadores também prezam por estratégias de manejo da terra e pelo envolvimento de grupos de interesse na causa, como fazendeiros, ONGs, pescadores, caçadores, povos indígenas e proprietários de terras.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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