Conheça as crianças russas que ficaram milionárias com o YouTube

Vlad e Niki, de 9 e 7 anos, não são crianças normais: são crianças que ficaram milionárias com o YouTube. Nascidos na capital russa, Moscou, hoje os meninos moram com os pais, Victoria e Sergey Vashketov, em Miami – mas seu alcance vai muito além dos EUA. 

Em seus vídeos, Vlad e Niki falam muito pouco, o que facilita o acesso de crianças falantes de outras línguas. Além do inglês, os meninos duplicam vídeos para 16 canais em línguas estrangeiras, incluindo o português, espanhol, árabe e indonésio. 

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Juntos, os canais somam quase 330 milhões de inscritos no YouTube. Só no canal central, em inglês, são 91,1 milhões. “As crianças sentem que Vlad e Niki são seus amigos”, disse a mãe Victoria em entrevista ao Wall Street Journal. 

A popularidade e sucesso nas redes transformou a vida da família. Os pais de Vlad e Niki começaram a gravar os meninos ainda quando moravam em Moscou. À época, Sergey era um executivo em uma empresa de alimentos e a mãe uma ex-ginasta. 

Com o sucesso, a família comprou uma mansão de US$ 12,5 milhões em Miami – quase R$ 67 milhões no câmbio atual. Não é por acaso: hoje marcas de brinquedos pagam os jovens para que brinquem (e divulguem) seus produtos. 

Os preços variam entre US$ 75 mil e US$ 300 mil. Na conversão para o real, os valores partem de R$ 400 mil até mais de R$ 1,6 milhão. 

Virou negócio 

Além da monetização dos vídeos do YouTube, os meninos também recebem das suas linhas exclusivas de brinquedos vendidas nos EUA e na China. Em 2020, a marca chinesa Zuru Toys criou uma linha inteira de objetos inspirados em Vlad e Niki. 

Agora, os meninos também terão seus vídeos em plataformas como HBO Max. A plataforma investiu sete dígitos para licenciar o conteúdo de Vlad e Niki no serviço. A parceria deve incluir dois programas com roteiro, incluindo uma série animada sobre os irmãos. A Amazon também negocia os direitos. 

Vlad e Niki gravaram seus primeiros vídeos em locais como a mesa da cozinha e com quase nenhuma edição. Foi só quando começaram a acumular milhões de visualizações no YouTube que seus pais viram a oportunidade de alavancar o hobby como negócio. 

Este movimento também acontece no Brasil. Um levantamento realizado em agosto pela B2Gether, empresa especializada na monetização de criadores digitais, mostrou que os canais voltados para o público infantil são os mais influentes no YouTube brasileiro. 

São quatro canais infantis no Top 10 dos mais influentes no país: Maria Clara & JP (2º), Bolofofos (3º), Mundo Bita (4º) e Galinha Pintadinha (5º). A lista também inclui Spider Slack (1º), Natan por Aí (6º), Henrique e Juliano (7º), Jooj Natu (8º), Gusttavo Lima Oficial (9º) e Enaldinho (10º). 

A presença cada vez mais constante de crianças na plataforma fez com que o YouTube criasse sua versão Kids, ainda em 2015. É uma forma dos pais filtrarem o conteúdo acessado pelos pequenos.

Profissionalização

Enquanto isso, criadores que se especializam em conteúdo para as crianças estão se profissionalizando cada vez no YouTube. No caso de Vlad e Niki, cada gravação inclui até cinco pessoas para a filmagem, incluindo operadores de câmera e pessoas para proteger os brinquedos.

Uma equipe global ajuda a traduzir os vídeos para os canais de idiomas estrangeiros, enquanto outro grupo de funcionários opera o design de jogos para celulares. Um assistente gerencia as redes sociais. 

Aos 9 anos, Vlad já está de olho no futuro: ele sonha em seguir os passos do MrBeast, o maior criador do YouTube. Mas há planos de entrar no mundo da música: a família já negocia a contratação de produtores e compositores que trabalharam com astros como Justin Bieber e Selena Gomez para criar canções originais.