Ainda que o aquecimento global seja contido, dentro dos cenários mais otimistas, até dois terços de todos os recifes de coral podem se deteriorar nas próximas décadas. Dessa forma, cientistas buscam maneiras de replicar as estruturas com materiais artificiais, na tentativa de manter alguns dos benefícios que elas oferecem.
Em geral, os recifes de corais atraem e abrigam peixes e outros animais aquáticos. Mas também ajudam na proteção de costas contra tempestades e são fonte de renda para aqueles que vivem do turismo.
Agora, um estudo publicado na Marine Biology analisou se os recifes artificiais nos trópicos podem funcionar da mesma maneira que seus equivalentes naturais.
A resposta é: ainda não. Contudo, a pesquisa identificou que as estruturas de concreto estão começando a imitar algumas das funções-chave dos recifes de coral verdadeiros. E há esperança de que elas melhorem com o tempo.
O que se sabe até agora
Os recifes de coral são capazes de suportar uma grande diversidade de espécies. Isso porque sua estrutura processa e faz circular uma grande quantidade de nutrientes entre animais invertebrados e peixes.
Assim, sobra pouco nutriente nas águas, o que impede o crescimento excessivo de algas. Até agora, pesquisadores descobriram que os recifes artificiais podem atrair peixes e abrigar níveis elevados de biodiversidade – muitas vezes semelhantes aos recifes naturais.
No entanto, eles não sabiam se as estruturas projetadas por humanos tinham a mesma capacidade de circulação de nutrientes para manter o ecossistema produtivo e apoiar a vida selvagem.
O que descobriu a pesquisa
A pesquisa foi feita na região norte de Bali, na Indonésia. Por lá, uma ONG produz e coloca no mar recifes de corais artificiais. Até agora, 15 mil estruturas foram implantadas, mas isso cobre apenas uma área de aproximadamente dois campos de futebol.
Com base no que já foi instalado, os pesquisadores compararam a quantidade e o armazenamento de nutrientes entre os recifes naturais e artificiais.
De modo geral, as estruturas feitas em concreto mostraram sinais de que estão começando a funcionar como comunidades de corais de verdade. As amostras de água analisadas mostraram que o recife artificial estava reciclando rapidamente os nutrientes dos animais que circulam por ali.
No entanto, o sedimento ao redor das estruturas de concreto ainda armazena menos carbono do que o dos recifes naturais. Para os cientistas, isso pode ser consequência da falta de espécies de invertebrados, que são abundantes em corais e ainda têm poucos representantes nas novas comunidades.
Os pesquisadores acreditam que isso vai acontecer com o tempo – o estudo sugere que pode levar até cinco anos.
Ainda assim, o estudo oferece alguma esperança de que, com o tempo, os recifes artificiais possam imitar mais dos processos mantidos pelos recifes naturais. Dessa forma, eles podem ser capazes de apoiar as espécies locais afetadas pela perda de recifes devido às mudanças climáticas.
Contudo, os cientistas pontuam que a ameaça climática aos corais não será resolvida dessa forma – apenas a diminuição das emissões de gases de efeito estufa pode preservar um futuro para esses ecossistemas.