Ciência

Depois de alertas, estudo sugere que Ozempic e Wegovy não causam pensamentos suicidas

Pesquisa comparou registros médicos de pessoas que fazem tratamento para diabetes ou obesidade com outros medicamento e com Ozempic e Wegovy
Imagem: Novo Nordisk/ Divulgação

No último ano, o uso de medicamentos de semaglutida, como o Ozempic e o Wegovy, se popularizou. Mas, junto à fama, vieram também algumas ressalvas. Em 2023, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) afirmou estar investigando relatos de que os remédios causam pensamentos suicidas.

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O mesmo fizeram alguns pesquisadores, que publicaram agora um novo estudo observacional na revista Nature Medicine. Segundo os dados da pesquisa, não há evidências que o medicamento para tratar diabetes, Ozempic, e o para combater a obesidade, Wegovy, ofereçam esse tipo de risco aos seus usuários.

O estudo foi financiado pelo NIH (Institutos Nacionais de Saúde), dos EUA, e não teve participação da Novo Nordisk, fabricante dos medicamentos.

O que diz a nova pesquisa

Para analisar a influência da semaglutida, ativo dos medicamentos Ozempic e Wegovy, na incidência de pensamentos suicidas, os pesquisadores utilizaram registros eletrônicos de rotina sobre a saúde de um grande número de participantes.

Assim, puderam dividir as informações do banco de dados em dois grupos. Primeiro, aqueles que faziam tratamento para perda de peso com prescrição médica, seja utilizando o Wegovy ou outros medicamentos. No total, este grupo continha cerca de 240 mil participantes.

Em segundo, incluíram pessoas que receberam prescrição de Ozempic ou outros medicamentos para redução do açúcar no sangue. No total, este grupo continha cerca de 1,5 milhões de participantes.

Entre as informações do monitoramento de saúde de rotina, havia o registro sobre a prevalência de pensamentos suicidas. 

Então, os cientistas compararam a incidência dessas ideias entre pessoas que estavam tomando os medicamentos com semaglutida e quem utilizava outros medicamentos para perda de peso e diabetes.

Além da comparação, os pesquisadores também observaram a evolução dos pensamentos suicidas entre aquelas pessoas que estavam tomando os medicamentos e já haviam relatado o problema antes. 

A ideia era analisar se a frequência dessas reflexões aumentavam, diminuíam ou se mantinham iguais.

Sem risco aumentado

“Por mais que tenhamos tentado, não encontramos nenhum risco aumentado”, disse Rong Xu, autor do estudo e diretor do Centro de Inteligência Artificial em Descoberta de Medicamentos na Case Western Reserve University, em Cleveland.

Os resultados apoiam os dados dos ensaios clínicos do Ozempic e do Wegovy, realizados pela farmacêutica Novo Nordisk. No entanto, há ressalvas sobre o fato de que esses ensaios não foram realizados com objetivo de identificar problemas quando os medicamentos são amplamente utilizados.

Ainda assim, os autores da nova pesquisa alegam que as informações ainda são insuficientes para qualquer conclusão. 

Da mesma forma que consideram os relatos expostos pela EMA difíceis de interpretar, Xu e sua companheira de estudo, Nora Volkow, afirmam que a nova pesquisa só pode apontar associações, mas não uma relação de causa e efeito. Por isso, reforçam a necessidade de mais estudos.

Segundo o New York Times, uma porta-voz da FDA (Food and Drug Admnistration, que equivale à Anvisa nos EUA) disse que a agência ainda considera “que os benefícios desses medicamentos superam os riscos”. 

Isso, claro, quando usados de acordo com a rotulagem aprovada. Ainda assim, eles continuam monitorando os medicamentos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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