Ciência

Desmatamento vai tornar a Amazônia ainda mais quente, diz estudo

Pesquisa revelou que, nos locais que mais sofrem com desmatamento, a temperatura pode aumentar até mais de 4°C
Imagem: Justus Menke/ Unsplash/ Reprodução

O desmatamento na Amazônia faz com que solos a até 100 quilômetros de distância fiquem mais quentes. De acordo com um novo estudo, o aquecimento pode chegar a até mais de 4°C, dependendo da quantidade de floresta derrubada.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe de cientistas britânicos e brasileiros, e publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Entenda a pesquisa

Para calcular o quanto a perda de floresta na Amazônia impacta o clima de regiões nos arredores, os pesquisadores combinaram diferentes análises de dados de satélite. 

Dessa forma, o grupo focou em duas informações principais: a temperatura da superfície terrestre e a perda de floresta na Amazônia durante o período de 2001 a 2020. 

Os dados foram analisados em 3,7 milhões de locais ao longo de toda a bacia amazônica. Os pesquisadores compararam o aquecimento que ocorreu em regiões com quantidades variadas de desmatamento local e regional.

De modo geral, os cientistas classificaram dois tipos de desmatamento. Aqueles que estavam a até dois quilômetros de distância de um ponto de coleta de dados eram considerados desmatamentos locais. Se estivessem mais distantes, entre dois e 100 quilômetros de distância, eram classificados como regionais.

Em resumo, eles descobriram que, em áreas onde havia pouco desmatamento, a temperatura média da terra subiu 0,3°C nos últimos 20 anos. Enquanto isso, locais com mais de 40% de desmatamento local, mas pouco desmatamento regional, aqueceram em média 1,3°C.

Por fim, nas áreas que sofreram tanto desmatamento local quanto regional, o aumento médio de temperatura foi de 4,4°C.

“O aquecimento regional devido ao desmatamento na Amazônia terá consequências negativas para os 30 milhões de pessoas que vivem na bacia amazônica, muitas das quais já estão expostas a níveis perigosos de calor”, escreveram os autores no artigo.

E no futuro?

Os cientistas também analisaram como o aquecimento pode evoluir futuramente. De modo geral, eles simularam dois cenários: um em que o Código Florestal é ignorado e áreas protegidas não são preservadas, e outro onde existe alguma proteção.

No sul da Amazônia, onde a perda de floresta é maior, a redução do desmatamento teria o maior benefício na redução do aquecimento futuro. Por exemplo, poderia diminuir mais de 0,5°C no estado de Mato Grosso.

Dessa forma, o estudo também demonstra que a redução do desmatamento também diminui o aumento das temperaturas na região amazônica. “Isso beneficiaria as pessoas que vivem na região, reduzindo o estresse térmico e os impactos negativos na agricultura”, afirmaram os pesquisadores.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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