Deu tripofobia? Por que a NASA pintou quadrados no foguete da Artemis 1

Não é só estética. Marcações quadriculadas tem uma função importante durante a missão da Artemis 1. Entenda
Deu tripofobia? Por que a NASA pintou quadrados no foguete da Artemis 1
Imagem: NASA/Divulgação

Quem acompanha as notícias sobre o lançamento da missão Artemis 1 deve ter reparado em uma série de quadradinhos desordenados na fuselagem do foguete da NASA.

Eles estão por toda a parte: no tanque principal de combustível, nos foguetes auxiliares laterais e na espaçonave Orion. São quadrados, retângulos e faixas, em diferentes tamanhos, que não parecem seguir um padrão claro – mas chamam a atenção de um olhar mais atento.

Por mais que essas formas pintadas possam ser uma tortura para quem sofre de tripofobia – a aversão a imagens com padrões irregulares –, esses quadrados contrastantes tem uma função importante para a NASA, muito além da simples questão estética.

A pintura incomum serve para que os engenheiros da agência espacial possam rastrear o foguete após o lançamento, por meio de uma técnica chamada de fotogrametria. A ideia é que, por meio da análise de fotos e vídeos, essas marcações ajudem a medir a distância do foguete do solo, assim como o movimento dele em voo.

Vale lembrar que a missão Artemis 1 tem o objetivo de testar o funcionamento do foguete SLS e da espaçonave Orion em um viagem real de ida e volta à Lua. Por isso, a NASA quer coletar a maior quantidade de dados possível, incluindo o desempenho do foguete durante o trajeto através da atmosfera.

Cada marcação tem sua finalidade específica, permitindo detectar, até mesmo, a menor variação na posição do foguete nas várias fases do voo. Com toda essa informação, cientistas e engenheiros podem comparar se o comportamento do SLS é o mesmo do que o simulado em computador.

Técnicos pintam um segmento do foguete da Artemis 1. Imagem: Orbital ATK/Reprodução

Técnicos pintam um segmento do foguete da Artemis 1. Imagem: Orbital ATK/Reprodução

Caso não tenha percebido, um dos foguetes laterais tem próximo da ponta uma faixa horizontal preta, enquanto o outro não tem nada. Essa faixa serve, por exemplo, para indicar qual é o lado esquerdo e direito do foguete.

A pintura branca ao longo dos foguetes auxiliares serve não apenas para dar mais constaste aos quadrados pretos, mas também para refletir melhor a luz e evitar o aquecimento do combustível criogênico.

Já a cor marrom/alaranjada do tanque central não tem nenhum objetivo específico. A cor é natural da espuma isolante de poliuretano usada para evitar a formação de gelo sobre os tanques. A NASA evita pintar esse revestimento de outra cor unicamente para deixar o foguete mais leve – sem ter que carregar o peso extra da tinta.

Não é só na Artemis 1

O padrão quadriculado em foguetes remonta muito antes da criação da NASA. Durante a 2ª Guerra Mundial, a Alemanha nazista construiu os mísseis balísticos V2, que também apresentavam um padrão quadriculado em preto e branco. Naquela época, esse padrão era utilizado para observar a rotação do foguete durante o voo.

Essa mesma estratégia foi utilizada desde os primeiros foguetes da NASA, como o Mercury-Redstone, passando pelo poderoso foguete Saturno V, do programa Apollo, e, agora, no programa Artemis.

A exceção foi apenas o programa dos aposentados ônibus espacial, pois a agência entendeu que eles foram projetados para se parecerem com um avião. Então, não havia necessidade das marcações quadriculadas para determinar a rolagem em voo.

Uma curiosidade é que os tanques externos das duas primeiras viagens dos ônibus espaciais foram pintados inteiramente de branco. Nas missões seguintes, a NASA entendeu que essa pintura não era necessária e que a ausência dela deixaria o veículo 270 kg mais leve, podendo levar mais carga útil a bordo.

Hemerson Brandão

Hemerson Brandão

Hemerson é editor e repórter, escrevendo sobre espaço, tecnologia e, às vezes, sobre outros temas da cultura nerd. Grande entusiasta da astronomia, também é interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.

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