Ciência

Por que você não deve seguir a dieta dos centenários

Em artigo para o The Conversation, Bradley Elliot mostra que nem sempre seguir o exemplo dos mais velhos é um caminho bom para a longevidade
Imagem: Beth Macdonald/ Unsplash/ Reprodução

Já faz um bom tempo que a ciência busca os caminhos precisos para a longevidade — uma vida longa, saudável e feliz. E, enquanto essa procura acontece, há muitas pessoas que realmente alcançam este estado. Qual o segredo?

Dieta e longevidade

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No entanto, perguntar qual o segredo pode ser uma armadilha, uma vez que as pessoas tendem a evidenciar as exceções de comportamento e isso pode dar uma falsa impressão de causa-consequência.

Por exemplo, há quem viva 100 anos e acredite que o segredo é beber uma taça de vinho todas as noites. Ou então aqueles que exaltam que fumam cigarros e estão completando mais de oito décadas de vida.

Em artigo para o The Conversation, o pesquisador Bradley Elliot utilizou sua experiência em estudos sobre longevidade para explicar por que essas afirmações são enganosas.

“Esse fenômeno é conhecido como viés de sobrevivência, ou o viés cognitivo e estatístico introduzido ao considerar apenas aqueles que estão por perto para contar, mas ignorando aqueles que não ‘sobreviveram'”, explica.

Correlação e causalidade na longevidade

Na ciência, pesquisadores buscam evitar a confusão de correlação e causalidade. Em ambas, há uma relação entre duas variáveis distintas, mas apenas na causalidade essa relação se dá por uma variável gerar a outra.

Para ser claro, há coisas que cientistas como eu dirão em linguagem científica cuidadosamente cautelosa que provavelmente ajudarão você a viver mais tempo. Ser muito fisicamente ativo, não comer em excesso e não fumar estão todos nessa lista, junto com geralmente ter uma visão de vida positiva, e é claro, escolher os pais e avós certos

Bradley Elliot

Assim, embora ter esses bons hábitos ao longo da vida está associado à longevidade e à saúde na velhice, não é possível afirmar que uma pessoa que cumpre todos esses requisitos vai viver 100 anos. Isso porque, segundo a ciência, não há uma relação de causalidade nessa equação – há apenas uma correlação.

O mesmo acontece quando uma pessoa com muitas décadas de vida afirma que vive bem há tanto tempo porque bebe vinho todos os dias. Simplesmente não é verdade – e, nesse caso, não há nem uma correlação comprovada cientificamente.

“É assim que nosso cérebro funciona, vemos um padrão entre duas variáveis e assumimos que elas estão ligadas de alguma forma. Mas muitas vezes, como no viés de sobrevivência, não estamos olhando todos os dados, e assim encontramos padrões onde não existem”, comenta Elliot.

Parece óbvio, mas o viés de sobrevivência está em toda parte na sociedade.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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