Dipirona cura “dor de coração partido”? Veja o que diz a ciência

Nas últimas semanas, a internet levantou um debate peculiar: algumas pessoas passaram a defender que remédios como dipirona, por exemplo, poderiam “curar” a dor de coração partido. Segundo quem defende essa ideia, o corpo não saberia identificar o que é dor física e de dor causada por uma questão emocional.

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Por isso, o remédio funcionaria para aplacar o desconforto de uma decepção amorosa. Mas será que é isso mesmo?

Veja o que diz a ciência

Esse boato ganhou força graças a um estudo de 2010 feito com um pequeno grupo de pessoas (62 voluntários) que teria ingerido paracetamol e melhorado dos “sintomas” do coração partido.

Entretanto, não dá para concluir que as mudanças no cérebro observadas no estudo provam o alívio da dor causada por uma decepção amorosa.

Para explicar melhor o assunto, as cientistas Laura Marise e Mellanie Fontes-Dutra fizeram um vídeo esclarecendo que dipirona não cura “dor de coração”. De acordo com Laura, o paracetamol, assim como a dipirona, se liga a receptores no cérebro para aliviar a dor, e isso interfere na quantidade de moléculas que circulam no cérebro.

“Mas isso não tem absolutamente nada a ver com o medicamento causar algum efeito na dor social, que é o nome técnico para a dor de coração partido”, explica. “Não existe mágica. A relação que estão fazendo vem de interpretar errado um artigo que nem de dipirona era, e que não estabeleceu nada relevante”, completou.

A farmacêutica reforça que não existe indicação alguma em tomar dipirona ou paracetamol para “dor social” e que. Além disso, medicamentos como estes, principalmente o paracetamol, podem causar hepatite medicamentosa quando utilizados em doses acima do recomendado.

@nuncavi1cientista Em parceria com a @Mell Dipirona não cura dor de amor. (paracetamol também não) E se quiserem usar um estudo para respaldar algo, tem que no mínimo escolher o estudo direito. Além disso, não se automediquem. Especialmente se a fonte for as vozes da cabeça de alguém. #ciencia #dipirona #dordeamor #coracaopartido #fy #tylenol #paracetamol #dorsocial ♬ som original – Nunca vi 1 Cientista

Como melhorar da dor de coração partido

O que é popularmente chamado de “dor do coração partido” recebe o nome científico de dor social. Ela vem com o medo do isolamento e abandono, da dificuldade de comunicação, da perda do papel social exercido junto à família, aos colegas, e às perdas econômicas.

De acordo com o fisiologista do esporte do HCor (Hospital do Coração), Diego Leite de Barros, a prática de atividade física como a corrida ou mesmo a simples caminhada têm efeito benéfico.

Além dos benefícios da atividade física para evitar este quadro clínico, os efeitos psicológicos positivos, que envolvem quem é ativo regularmente, são essenciais.

“Em primeiro lugar, é importante a sociabilidade, em pares ou em grupos de esportistas. Com isso, reduzem o isolamento social que eventualmente atinge algumas pessoas. Outros efeitos psicológicos aparecem, como aumento da autoestima, alívio mais efetivo do estresse e mudança da autoimagem”, disse.

A síndrome do coração partido foi definida pela American Heart Association como uma cardiomiopatia adquirida primária. E é responsável por 1% a 2% dos casos de síndrome coronariana aguda, que consiste em qualquer grupo de sintomas atribuídos à oclusão (obstrução) das artérias coronárias.

Geralmente, a pessoa que apresenta este tipo de cardiomiopatia tem início súbito de insuficiência cardíaca congestiva. Juntamente com forte dor no peito e alterações no eletrocardiograma que sugerem infarto do miocárdio.