A Disneylândia de Tóquio, Legoland Japão, e os Estúdios da Universal no Japão fecharão seus portões por pelo menos duas semanas a partir deste sábado (29), após preocupações com o surto de coronavírus que adoeceu pelo menos 226 pessoas e matou quatro no país. Os fechamentos foram anunciados nesta sexta-feira (28) depois que o governo japonês sugeriu uma proibição de duas semanas para grandes aglomerações públicas e o fechamento de escolas na quarta-feira.
O fechamento da Disneylândia de Tóquio inclui o parque temático irmão da Disney, o DisneySea, e é a primeira vez que os parques foram fechados por um período prolongado desde o terremoto de 2011 na região, de acordo com o Kyodo News. A Disneylândia de Xangai, na China, foi fechada em 25 de janeiro e a Disneylândia de Hong Kong foi fechada em 26 de janeiro. Ambos os parques estão fechados por tempo indeterminado.
A gestora dos parques temáticos da Disney no Japão, Oriental Land, anunciou que planejava abrir novamente os parques em 16 de março, mas que consultaria as autoridades governamentais antes de tomar qualquer decisão final. Os hotéis e monotrilhos da Disney na região permanecerão abertos enquanto os parques estiverem fechados.
Todos os principais parques temáticos que fecharam seus portões anunciaram que os clientes poderiam obter reembolsos. Os Estúdios da Universal no Japão destaca em seu site que as pessoas não precisam ir pessoalmente para o parque para obter reembolsos e, em vez disso, devem entrar em contato com a agência de viagens.
Eventos em todo o mundo foram cancelados durante a semana, incluindo a conferência de desenvolvedores F8 do Facebook que estava programada para acontecer em maio e o Salão Automóvel de Genebra na Suíça, agendado para a próxima semana. Porém, o pedido do Japão para fechar todas as escolas até abril tem sido, sem dúvida, o pedido mais abrangente de um governo que não o da China até agora.
O governo japonês sob o primeiro-ministro Shinzo Abe foi criticado durante a última semana devido à má gestão da crise do coronavírus. As autoridades de saúde pública acreditam que a relativamente baixa taxa de doença do país, batizada oficialmente de COVID-19, se deve em grande parte a testes insuficientes e há relatos generalizados de pessoas que tiveram febres durante semanas e ainda não foram testadas devido a critérios restritos do governo.
Do Washington Post:
O Japão inicialmente limitou os testes a pessoas que tinham apresentado sintomas e viajado para a China, ou que tinham entrado em contato próximo com uma pessoa infectada. Porém, posteriormente expandiu os testes para pessoas que tivessem febre durante quatro dias consecutivos, ou dois dias se o paciente era idoso ou estivesse grávido. Muitos especialistas dizem que essas regras são rígidas demais, mas sequer estão sendo respeitadas, uma vez que não existem testes suficientes.
Os próprios testes também não são suficientemente sensíveis, dizem alguns especialistas. Eles observam que muitos ex-passageiros do cruzeiro Diamond Princess, que deram negativo no Japão, passaram a ter testes positivos nos Estados Unidos, Austrália, Hong Kong e Israel.
Os problemas no Japão são parecidos com alguns que os Estados Unidos deve enfrentam, já que as autoridades locais na Califórnia e em Nova York reclamam que o CDC fez uma triagem exaustiva para o COVID-19. O CDC enviou kits de teste para as autoridades locais de saúde no início deste mês, mas eles foram considerados defeituosos e novos testes ainda não apareceram na maioria das regiões do país.
O prefeito de Nova York, Bill De Blasio, realizou uma coletiva de imprensa na quarta-feira, explicando que as ações do CDC fariam do “perfeito o inimigo do bem feito” ao não fornecer testes para as autoridades estaduais de saúde ao exigir que todas as amostras de pacientes fossem enviadas para Atlanta. Amostras de um caso suspeito de COVID-19 em Nova York foram enviadas para Atlanta na quinta-feira, mas a cidade não terá os resultados durante 48 horas por causa dos procedimentos atuais.
No Brasil, os médicos coletam duas amostras de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro), que são encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) regional. Uma dessas amostras é enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e outra amostra é enviada para análise de metagenômica.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, deu uma coletiva de imprensa semelhante na quinta-feira, dizendo que o estado monitora cerca de 8.400 possíveis casos, mas que só possuem cerca de 200 kits de teste do CDC.
“Isso é simplesmente inadequado para fazer o tipo de teste que precisamos”, disse Newsom aos repórteres.
A Califórnia tem atualmente 28 casos confirmados da doença, a maioria de pessoas trazidas do cruzeiro Diamond Princess, em Yokohama, no Japão, embora um novo caso de transmissão tenha sido detectado no início desta semana no norte da Califórnia.
O CDC mudou seus critérios para quem deveria ser testado para o COVID-19 na quinta-feira, e as pessoas que nunca estiveram na China agora terão permissão para fazer o teste. Mas ainda não está claro quão rapidamente os testes confiáveis serão distribuídos pelo país, nem quem pagará por eles.
Um homem chamado Osmel Martinez Azcue em Miami, na Flórida, teve uma surpresa em conta médica quando foi cobrado US$ 3.270 após um teste de gripe. Azcue voltou da China com sintomas semelhantes aos da gripe e seu empregador, uma empresa de aparelhos médicos que ironicamente não oferece seguro de saúde, pediu a Azcue que fosse ao hospital para ter certeza de que ele não tinha o coronavírus.
Do Miami Herald:
Os funcionários do hospital em Jackson disseram ao Miami Herald que, com base no seu seguro, Azcue só teria que pagar US$ 1.400 dessa conta, mas Azcue disse que ouviu da sua seguradora que também precisaria enviar documentação adicional: três anos de registos médicos para provar que a gripe que pegou não estava relacionada com uma condição preexistente.
Se há algo a aprender com a situação da Azcue, é que o sistema de saúde dos EUA não está muito preparado para lidar com o que está por vir nas próximas semanas.