Drex: perguntas e respostas sobre a nova moeda brasileira
Nesta segunda-feira (7), o BC (Banco Central do Brasil) anunciou o nome da primeira moeda digital brasileira regulada, batizada de Drex. A sigla é a abreviação da expressão “Digital Real X”. Antes, o projeto vinha sendo chamado de “Real Digital”.
A nova moeda brasileira será emitida como extensão da moeda física, sob custódia da própria instituição. O Drex poderá ser trocado pelo real tradicional, em notas, e vice-versa. Ou seja, cada real digital equivale a um real físico (o valor é o mesmo).
O projeto de moeda digital de banco central (CBDC), criado e operado pelo Banco Central do Brasil, chama-se Drex. pic.twitter.com/n6L8mAeGUG
— Banco Central BR (@BancoCentralBR) August 7, 2023
Os primeiros testes do projeto-piloto já começaram. O BC estima que até o fim de 2024 o Drex esteja liberado para o público geral. Apesar de a moeda virtual ainda não ter sido lançada oficialmente, a instituição aposta que o projeto terá sucesso parecido com o do sistema de transferências Pix, que já se tornou parte do dia a dia dos brasileiros.
A moeda virtual tem algumas diferenças em relação ao dinheiro vivo. Por exemplo, os bancos não serão autorizados a emprestar a terceiros, como acontece com o real físico. Também não haverá rendimento automático do Drex. Confira as perguntas e respostas abaixo para sanar outras dúvidas sobre a novidade.
O que é o Drex e qual o objetivo da iniciativa?
O Drex é uma moeda virtual categorizada como CBDC (Moeda Digital de Banco Central, na sigla em inglês). Ou seja, o Banco Central produzirá e regulamentará a moeda digital do Brasil, conforme as regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e da política monetária brasileira.
A CBDC é a versão tokenizada das moedas fiduciárias. Na prática, é uma moeda como aquelas que circulam na economia tradicional, em metal ou papel, mas expressa na forma de token. Assim, os reais digitais devem complementar a oferta de dinheiro no mercado.
A proposta é que o real digital sirva para facilitar a assinatura de negociações e contratos virtualmente. Por exemplo, um pagamento em Drex só pode ser feito após a assinatura de um contrato de venda.
Com o sucesso das stablecoins privadas, bancos centrais de todo o mundo viram ali uma oportunidade de criar suas próprias criptomoedas. Uma vantagem é que a autoridade pode ter controle sobre sua blockchain, o que dificulta o uso desses ativos para lavar dinheiro, por exemplo.
O Drex é uma criptomoeda?
Não. Diferentemente de outras criptomoedas, o BC vai regular o Drex. Apesar de ser digital e utilizar a tecnologia blockchain, o Drex não terá o mesmo funcionamento do Bitcoin ou do Ethereum, uma vez que esses ativos descentralizados ainda não têm a regulação do Banco Central.
A ideia veio do setor privado, que criou as criptomoedas atreladas ao valor de moedas tradicionais, como o dólar e euro, chamadas de stablecoins. Atualmente, a mais famosa é o Tether, que vale o mesmo que o dólar norte-americano.
Como são feitos os testes?
Os testes do projeto-piloto já iniciaram, e acontecem exclusivamente em ambiente simulado, não envolvendo transações ou valores reais. Na primeira fase, a CBDC interagirá com o real tokenizado. O Banco Central criará um ativo digital que representa os depósitos bancários e os saldos de instituições de pagamento que serão usados no varejo.
Posteriormente, em fevereiro de 2024, o Banco Central testará a interação com tokens de títulos públicos. A chegada da tecnologia blockchain para a população pode ocorrer no final do próximo ano.
Como o Drex poderá ser utilizado?
O real digital vai servir tanto para transações no atacado quanto no varejo. Bancos, instituições financeiras e outros sistemas de pagamento vão distribuir a moeda. Qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo poderá usar a moeda, sem precisar convertê-la em bancos.
O Drex terá a tecnologia blockchain, ou seja, uma série de códigos armazenada em diferentes computadores que garantirá a posse do dono em sua carteira. O BC brasileiro deve emitir o real digital dentro de uma blockchain privada do tipo permissionada, o que significa que será restrita ao uso de bancos e instituições de pagamento supervisionadas.
Se houver algum problema, os usuários podem recorrer ao Fundo Garantidor de Créditos. Além disso, todos os cidadãos poderão trocar seus reais digitais por cédulas físicas.
A moeda é segura?
Assim como as criptomoedas, o real digital vai usar a tecnologia blockchain. Assim, cada depósito ganhará um token, que é a representação digital do dinheiro no sistema de registro. Esse mecanismo usa criptografia para driblar ataques cibernéticos e vazamento de dados.
Outros países já lançaram moedas digitais?
Mais de 20 moedas digitais entrarão em circulação até 2030, conforme projeção do BIS (Banco Central dos Bancos Centrais). Alguns países já estão avançados nessa corrida, além do Brasil, como Japão, Reino Unido, Estados Unidos e China.
Em pouco mais de três anos, o número de bancos centrais que estudam a criação de suas próprias moedas digitais saltou de 35 para 130, segundo o Atlantic Council. Os países que estão discutindo a emissão das moedas digitais são responsáveis por 98% do PIB global.