Efeito astrométrico previsto por Albert Einstein é observado em estrela morta

Cientistas usaram um efeito descrito por Einstein para inferir a massa de uma anã branca. Entenda
Efeito astrométrico previsto por Albert Einstein é observado em estrela morta
Imagem: NASA, ESA, Peter McGill (Univ. da Califórnia, Santa Cruz e Universidade de Cambridge), Kailash Sahu (STScI), Joseph Depasquale (STScI)/Reprodução

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, conseguiram pela primeira vez medir a massa da LAWD 37, uma anã branca localizada a 15 anos-luz de distância da Terra. O estudo que descreve a descoberta foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Uma anã branca nada mais é do que o remanescente de uma estrela que já morreu. O objeto em questão, por exemplo, bateu as botas há 1,15 bilhão de anos. 

Para encontrar sua massa, os cientistas usaram um efeito conhecido como microlente gravitacional, previsto por Albert Einstein em sua Teoria Geral da Relatividade.

A ideia é a seguinte: quando um objeto maciço e compacto passa na frente de uma estrela distante, a luz da estrela se curva ao redor do objeto em primeiro plano devido ao seu campo gravitacional.

O fenômeno foi observado na prática pela primeira vez em 1919, durante um eclipse solar. Mas o que tudo isso tem a ver com LAWD 37? 

Em primeiro lugar, é preciso saber que, em grande parte dos casos, os astrônomos inferem a massa das estrelas indiretamente, baseando-se em aproximações. 

Para inferir a massa do objeto diretamente de forma mais simples, é preciso que ele tenha um companheiro espacial — que sirva como referência. Mas esse não é o caso de nossa anã branca. 

Para analisá-la, a equipe utilizou o Telescópio Gaia da ESA (Agência Espacial Europeia) e o Telescópio Espacial Hubble. Com auxílio dos maquinários, os astrônomos foram capazes de prever o movimento de LAWD 37 e identificar o ponto onde ele se alinharia perto o suficiente de uma estrela de fundo para que ocorresse o efeito de microlente gravitacional. 

A luz da estrela de fundo era bastante fraca, o que complicava o trabalho dos cientistas em extrair o sinal de lente do ruído. Como foi descrito em comunicado, a tentativa era similar a medir, da Terra, o comprimento de um carro que está na Lua.

Depois de cumprir essa missão e extrair o sinal de lente, os pesquisadores puderam medir o desvio que a luz sofre graças à gravidade (ou deflexão astrométrica) na fonte de fundo. Então, bastou comparar essa escala com a massa da anã branca. Assim, concluíram que a massa gravitacional de LAWD 37 era equivalente a 56% da massa de nosso Sol.

O número bate com as previsões teóricas anteriores e corrobora as teorias atuais de como as anãs brancas evoluem. Mais um ponto para Einstein e para a ciência.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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