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El Niño pode ter iniciado a maior extinção de espécies da Terra

A extinção do Permiano-Triássico exterminou 90% da vida de todo o planeta, sendo mais devastadora que a dos dinossauros

Novo estudo revela que mega El Niño causou maior extinção de espécies da Terra

O maior evento de extinção em massa da história, que ocorreu há cerca de 252 milhões de anos, foi desencadeada por um mega El Niño, de acordo com um novo estudo.

A extinção do Permiano-Triássico, exterminou 90% da vida de todo o planeta, encerrando o período geológico Permiano, considerado mais devastador que o asteroide que matou os dinossauros. 

Até então, cientistas acreditavam na teoria que a extinção ocorreu pelo dióxido de carbono lançado pela atividade vulcânica. Isso em uma região que corresponde aos “Trapps Siberianos”, causando um aquecimento repentino no planeta.

No entanto, um estudo internacional com pesquisadores de diversos países, publicado na última quinta-feira (12), sugere que um mega El Niño – similar, mas mais intenso e prolongado que o fenômeno que vivenciamos atualmente – desempenhou um papel importante na grande extinção.

Paul Wignall, paleontólogo da Universidade de Leeds e co-autor do estudo, afirma que o que causou a extinção não foi apenas o aquecimento, “mas, também, como o clima respondeu ao evento”.

“Se as condições [climáticas] fossem ruins, mas constantes, a vida na Terra poderia evoluir para lidar com tais condições. Mas o fato é que o clima continuou oscilando de entre extremos ao longo de décadas”, afirma Wignall.

Como o El Niño foi responsável pela extinção

A equipe de cientistas construiu um modelo climático global da fase final do período Permiano, sugerindo que, conforme as temperaturas aumentavam, os eventos El Niño cresciam em magnitude e duração.

O modelo climático dos cientistas realizou múltiplas simulações durante meses. Conseguindo entender melhor a extinção graças a novos dados de temperaturas obtidos via análises de isótopos de oxigênio em fósseis de conodontes.

O material genético dos conodontes, pequenos organismos marinhos extintos, revelou uma nos gradientes de temperatura em baixas e médias latitudes. Desse modo, a análise indica um aquecimento generalizado no planeta.

Temperatura da superfície da Terra no mês mais quente do pico de aquecimento da extinção em massa. Imagem: Universidade de Bristol/Divulgação

Desse modo, o estudo revela que o El Niño deu um “boost” nas temperaturas. Resultando em períodos alternados de enchentes, secas e queimadas, devastando todas as espécies que habitavam a Terra em um período de 100 mil anos.

Risco de nova extinção na Terra

Ainda segundo o estudo, a atividade vulcânica continua como um grande fator por trás da extinção. Mas não foi suficiente para desencadear a magnitude da catástrofe.

Farnsworth explica que a erupção teve um mecanismo de reação na dinâmica dos oceanos, gerando o mega El Niño que, consequentemente, agiu em conjunto com a atividade vulcânica.

Além disso, o estudo revela que o El Niño é a explicação pelo início das extinções em Terra antes de ocorrem no Mar.

“O mega El Niño teve um impacto particularmente devastador nos ecossistemas terrestres, onde as temperaturas ultrapassaram rapidamente os limites de tolerância da maioria das espécies, impossibilitando sua adaptação. Apenas as espécies capazes de migrar rapidamente conseguiram sobreviver”, afirmou Yadong Sun, pesquisador Universidade de Geociências da China, que também participou do estudo.

Embora o El Niño cause temor atualmente, sobretudo no período de clima extremo na Terra, os pesquisadores acreditam que não chegaremos às condições que levaram à maior extinção do planeta.

“A Terra, naquele período, era um planeta bem estranho, com um supercontinente de um lado e o oceano gigante do outro. Sendo, portanto, mais vulnerável ao CO2 das erupções vulcânicas”, afirma Wignall.

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