Em 1973, filme “No Mundo de 2020” retratou o mundo de 2022 e acertou!

Baseado no romance de Harry Harrison, o longa tem direção de Richard Fleischer e é estrelado por Charlton Heston. Confira onde o filme acertou em cheio
Imagem: Reprodução

A face da Terra está bem modificada. Em Nova York vivem 40 milhões de pessoas e o efeito estufa aumentou muito a temperatura, deixando o calor quase insuportável.

No entanto, os ricos vivem em condomínios de luxo, onde belas mulheres são “parte da mobília”. Mas a comida está escassa para todos, tanto que um vidro de geléia de morango custa 150 dólares. 

Pode parecer uma olhada nas manchetes dos jornais de hoje, mas essas previsões foram feitas meio século atrás no filme “No Mundo de 2020”, que está disponível no serviço da Apple TV.

Diversos filmes tentaram enxergar o futuro; a maioria não fez um trabalho muito bom.

Exemplos: “Corrida Contra o Futuro” (1992), que imaginou assassinos viajantes no tempo em 2009, além de “The Postman – O Mensageiro” (1997) previu que 2013 seria pós-apocalíptico.

Mas “No Mundo de 2020”, lançado em 1973 e baseado no romance de Harry Harrison, foi perspicaz de um jeito ainda mais assustador.

O filme se passa no distante futuro de 2022. É estrelado por Charlton Heston –conhecido por interpretar Moisés em Os Dez Mandamentos (1956) e por ser cinco vezes presidente da Associação Nacional do Rifle — no papel de Thorn, detetive da polícia de Nova York. E o planeta que ele habita se parece muito com o nosso.

Onde o filme acerta

1- Nesse futuro (presente) de 2022, a humanidade acabou com os recursos naturais do planeta em razão da superpopulação e mandos e desmandos de governos e corporações.

2- A base de alimentos de todos vem da Soylent Corporation, que fabrica basicamente biscoitos proteicos coloridos, com o mais recente deles sendo o cobiçado verde, ou Soylent Green.

3- Apesar da visão pós-apocalíptica global, o longa se restringe a uma Nova York com grande parte da população dormindo pelo chão em escadarias e igrejas e passando horas dos quentíssimos dias em filas para ganhar a ração diária de Soylent e água. 

É nesse cenário que somos apresentados ao Detetive Frank Thorn (Edward G. Robinson) e ao seu amigo mais velho –e que portanto se lembra do mundo ainda verde de verdade– Sol Roth (Robinson) que, juntos, investigam casos policiais e que se envolvem no assassinato de um membro da elite privilegiada que vive em apartamentos de luxo, com espaço, água e comida.

 

https://www.youtube.com/watch?v=mHkv3jddxHo

4- Com direção de Richard Fleischer, o longa mostra o nosso planeta superpovoado passando por mudanças climáticas catastróficas. As megacorporações têm poder excessivo sobre os governos. A vida boa é um luxo que apenas o 1% mais rico consegue comprar.

5- O filme apresenta uma distopia perturbadora, com a Terra devastada pelo efeito estufa, natureza em decadência, um lugar onde os rios, animais e plantas são coisas do passado, e a humanidade enfrenta a fome e falta de espaço nas grandes cidades. Há escassez de água, comida, papel, energia, saneamento. Não existe dignidade mínima de sobrevivência. Nesse cenário, apenas os ricos usufruem de luxos como sabonete e água quente, ou comer frutas e carnes.

6- Existem várias semelhanças entre o universo do filme e a vida na Big Apple de hoje. Manhattan viu um aumento do número de desabrigados em junho do ano passado, quando a cidade tentou diminuir a aglomeração nos abrigos. 

7- Os super-ricos, no entanto, estão ainda melhor na realidade do que no filme, onde parecem condenados a viver nos apartamentos do Chelsea West se quiserem ficar longe das massas. Cada porta no luxuoso bloco da torre é automatizada, o mordomo da cobertura está vestido em um rosa exuberante e o auge do glamour é uma ducha fresca. Nada das adegas privadas e dos pórticos ostentosos que você encontra hoje.

Pode ser que o 2022 a que finalmente chegamos não seja exatamente o que foi previsto no filme, mas tudo o que o filme aborda – com seus exageros, inclusive – continua perfeitamente aplicável e, de certa forma, até “domado” em comparação com a dura realidade cotidiana macro mundial. 

Graças aos céus, o 2022 em que nos encontramos hoje oferece uma ampla gama de escapismo de alta tecnologia. Mas será que nosso mundo é tão sombrio quanto o filme previu 49 anos atrás? Será que um dia provaremos o soylent green?

 

Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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