Em Madagascar, bicho-pau larga a camuflagem e “assume” corpo colorido
Geralmente, eles não são fáceis de encontrar. Camuflados sobre galhos e troncos, além de folhas novas, secas, rasgadas ou intactas, os bichos-pau receberam até o próprio nome destacando a exímia habilidade de sumir na natureza para proteção própria.
Mas na ilha de Madagascar, na África, existem representantes desse inseto que surpreendem. Endêmicos da região, eles possuem corpos coloridos e diferem da monotonia de verdes e marrons do ambiente. Veja o vídeo:
Este impressionante inseto azul é o bicho-pau de Madagascar, com
seu corpo azul metálico, detalhes dourados e impressionantes asas vermelhas. 💙✨🎥richard nakamura pic.twitter.com/XN3B8jMJ1d
— Viviane Fernandes (@Viviifernande) February 26, 2024
O gênero Achrioptera
Em 2019, um estudo publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution identificou duas espécies de bicho-pau que pertencem ao gênero Achrioptera, um grupo de insetos grandes e coloridos endêmicos de Madagascar e do Arquipélago das Comores.
Eles têm o corpo preenchido de cores fortes e permanentes, de modo que não alteram a sua aparência conforme o cenário. Uma das espécies, a Achrioptera maroloko, tem representantes fêmeas que alcançam o tamanho de 24 centímetros – ou seja, são insetos muito grandes.
Já a espécie Achrioptera manga, antes atribuída aos bichos-pau Achrioptera fallax, possui o corpo todo azulado e brilhante, com asas pequenas e avermelhadas na altura do tórax.
Camuflagem colorida?
Durante a pesquisa, os cientistas se questionaram qual a utilidade das cores para essas espécies de bicho-pau, uma vez que o inseto costuma viver camuflado. Segundo eles, poucos animais que se camuflam mostram coloração, geralmente fazendo isso apenas quando estão em situações que sabem que não serão perturbados.
A primeira hipótese dos pesquisadores é a de que as cores fazem parte do ritual de acasalamento. Isso porque, quando analisaram representantes do bicho-pau de Madagascar em laboratório, eles só se aproximavam das fêmeas para se reproduzir depois de atingir a coloração azul brilhante.
“Isso pode sugerir que os machos usam sua coloração brilhante para atrair uma parceira. No entanto, é difícil acreditar que os machos possam encontrar uma parceira antes de serem comidos. A menos que sua cor atue como um impedimento para os predadores”, explicou Sven Bradler, autor do estudo.
Então, surgiu a segunda hipótese. Os cientistas acreditam que, como insetos machos se movimentam muito em busca de companheiras para acasalar, viver de camuflagem era inviável.
Por isso, a espécie evoluiu apostando no oposto: chamar a atenção. Na natureza, cores chamativas sugerem para outros animais que há uma toxicidade nas plantas ou em presas.
Assim, com seu corpo colorido, os bichos-pau de Madagascar parecem perigosos para alguns outros seres vivos. Dessa forma, conseguem se manter seguros sem a camuflagem.