Os olhos fechados não indicam que um tubarão está dormindo. Na verdade, a maioria destes peixões sequer fica parada enquanto descansa.
Estes animais precisam se movimentar constantemente para agitar a água e deixá-la carregada de oxigênio, permitindo que ele flua sobre suas brânquias. Por conta disso, é difícil flagrar um tubarão dormindo.
Mas pesquisadores da Universidade La Trobe, em Melbourne, na Austrália, finalmente provaram que o cochilo é sim um hábito destes peixes. Para chegar a esta conclusão, os cientistas gravaram sete tubarões draughtboard (Cephaloscyllium isabellum) por 24 horas em ambiente controlado.
Também foram medidos os níveis de oxigênio no tanque, como forma de monitorar mudanças no metabolismo do animal. Essa é uma espécie que utiliza o bombeamento bucal para respirar. Ou seja, o tubarão suga a água para suas bochechas e depois a libera sobre as guelras.
O bombeamento bucal permite que os animais fiquem parados sob a água. Porém, os cientistas notaram que, em alguns momentos, os tubarões não estavam apenas dando um tempo. Quando os peixes paravam de nadar por mais de cinco minutos, ocorria uma queda na taxa metabólica, sugerindo que eles estavam dormindo.
Os animais até mesmo adotavam uma posição padrão para dormir. Basicamente, ficavam no fundo do tanque com uma postura plana. Já aqueles que estavam só dando um tempo se apoiavam sobre as barbatanas dianteiras. O estudo foi publicado na revista Nature.
O sono é bastante diferente entre as espécies. Os humanos apagam totalmente, enquanto os golfinhos, por exemplo, desligam apenas uma parte de seu cérebro.
Entender o sono dos tubarões pode ajudar a completar uma lacuna importante da evolução de animais. Os pesquisadores acreditam que os tubarões dormem para conservar energia. Como estes animais não mudaram muito nos últimos 450 milhões de anos, é possível que o sono seja algo bastante antigo em nossa história.