Ciência

Este sapo voador usa um disfarce de cocô para evitar predadores

Vivendo nas florestas tropicais da Ásia, o sapo voador imita o cocô de aves para se proteger durante o primeiro ano de vida
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Pode parecer mentira, mas há sapos que voam. Os anfíbios que conseguem essa proeza são os Rhacophorus nigropalmatus, conhecidos popularmente como sapos voadores de Wallace. E eles são ainda mais surpreendentes: quando estão vulneráveis, um de seus principais disfarces é imitar a aparência de um cocô.

Isso acontece quando o animal está em seu primeiro ano de vida. Durante esse período, o sapo ainda está desenvolvendo as habilidades e características físicas para voar e, por isso, não consegue fugir dos predadores de maneira ágil. Sendo assim, o disfarce é sua principal estratégia de defesa. Isso porque parecer como as fezes de algum outro animal torna os sapos desinteressantes para aqueles que poderiam comê-los.

O segredo está no detalhe

Este sapo voador usa um disfarce de cocô para evitar predadores

(Imagem: Stückler et al. / Reprodução)

Embora tenham coloração verde quando adultos, os sapos voadores ainda são alaranjados e avermelhados no período de juventude. Por isso, se tornam presas fáceis.

Para evitar esse problema, eles se adaptaram e, em sua pele, possuem manchas brancas. Segundo especialistas, é possível que as pintinhas estejam imitando a ureia presente nas fezes dos pássaros, que são seus predadores.

Outras espécies parecem ter aprendido o truque também. Alguns tipos de aranhas caranguejeiras e a lagarta gigante também têm manchas brancas.

Disfarce aprovado

Para testar a validade do disfarce, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Viena testou as técnicas de camuflagem do sapo de Wallace. Para isso, eles pintaram 640 réplicas do animal, feitas em cera.

Em um terço, os pesquisadores utilizaram as cores do disfarce tradicional: pele alaranjada com as manchas brancas. Em outro terço, pintaram de verde, cor da superfície dos sapos adultos. Já no restante, utilizaram tons avermelhados, como os que aparecem nos anfíbios em sua fase juvenil.

Então, os cientistas liberaram 150 pássaros do zoológico de Viena para avaliar os disfarces. O resultado mostrou que as aves predadoras visavam os modelos pintados em vermelho o dobro de vezes que seguiam aqueles disfarçados. As conclusões do experimento foram publicadas na revista Behavioral Ecology and Sociobiology.

Outra estratégia na fase adulta

Além da possibilidade de voar, o sapo adulto da espécie Rhacophorus nigropalmatus também utiliza sua cor verde vibrante como estratégia para afastar predadores. Mas, nesse caso, a coloração não é para o anfíbio se esconder, e sim para assustar outros animais.

Isso porque a cor marcante, em tons brilhantes, geralmente está associada aos chamados sinais aposemáticos, que alertam para a toxicidade de um bicho. É como um aviso de “não me coma”.

Quando os organismos alteram sua aparência dessa maneira para se adequar a uma nova fase da vida, a ciência chama de mudança de cor ontogenética.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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