Estimulação cerebral pode ser alternativa para tratar TOC, mostra estudo da USP
Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) identificaram que uma técnica de estimulação cerebral elétrica pode amenizar os sintomas em pacientes com TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo).
Trata-se do método ETCC (Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua), uma técnica não invasiva que aplica eletrodos na cabeça do paciente para descarregar uma corrente elétrica de baixa intensidade (1 a 4 miliamperes).
O objetivo da técnica é modular a função cerebral. Isso porque ela age na rede de neurônios ao aumentar a estabilidade em determinadas regiões do cérebro e reduz em outras. Apesar de recente, especialistas já usam ETCC para tratar depressão.
Em um estudo publicado em dezembro, os cientistas da USP mostraram que a técnica pode ser uma alternativa para pacientes que não toleram os efeitos colaterais de medicações ou não têm viabilidade financeira para a terapia comportamental.
“É necessário pensar na viabilização de novos tratamentos para pacientes de TOC”, disse Laís Boralli Razza, uma das autoras do estudo, ao Jornal da USP.
Segundo a Associação Médica Brasileira, os efeitos nas medicações para TOC podem incluir náusea, sonolência, insônia e dor de cabeça, entre outros. Enquanto isso, o ETCC pode levar ao formigamento na área de aplicação dos eletrodos e avermelhamento na pele.
Tratamento promissor
O TOC é um transtorno de ansiedade que causa obsessões relacionadas aos pensamentos. Por isso, os pacientes criam compulsões nos comportamentos, adotados como forma de aliviar pensamentos que causam ansiedade.
O mais comum é que o transtorno apresente efeitos de hiperativação nas regiões sensório-motora, córtex lateral e sistema límbico do cérebro. Os eletrodos para o ETCC são colocados nessas regiões, embora haja estudos com posições diferentes ao redor do mundo.
O ETCC não exclui pacientes, como gestantes, justamente por não ser invasiva e apenas diminuir a atividade cerebral nas áreas hiperativas. As sessões duram de 20 a 30 minutos e são realizadas uma vez por semana em centros de pesquisa.
A expectativa é que, no futuro, a técnica também possa se transformar em um tratamento remoto. “É um aparelho pequeno, que pode ser portátil. Há protocolos para monitorar o uso dos pacientes em casa, de forma a aumentar a aderência ao tratamento”, disse Razza.