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Estudo da USP mostra danos da escova progressiva e da descoloração aos cabelos

Apesar do resultado imediato ser cabelos lisos, brilhantes e sem frizz, os procedimentos causam danos profundos e até irreversíveis aos fios

Estudo da USP mostra danos da escova progressiva e da descoloração aos cabelos

Imagem: Maksim Chernishev/ Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo da USP (Universidade de São Paulo) analisou os efeitos da escova progressiva e da descoloração nos fios de cabelo. Como resultado, descobriu que a combinação das técnicas causa um aumento de quatro vezes na porosidade dos fios.

“O resultado imediato da escova progressiva é lindo porque o produto forma um filme em torno da superfície do cabelo, deixando os fios brilhantes, alinhados, sedosos, livres de frizz, de volume e ondulações”, comentou Cibele Castro Lima ao Jornal da USP.

“Entretanto, é uma falsa impressão de que os cabelos estejam saudáveis e tratados”, completou a autora do estudo.

A pesquisa também investigou os impactos de cada procedimento separadamente. Os resultados do estudo, feito em colaboração com a Universidade de Copenhague, na Dinamarca, foram publicados no Journal of Applied Cristallography.

Entenda a pesquisa

Em geral, tratamentos cosméticos como o alisamento e a descoloração interagem com as moléculas dos fios de cabelo. Por isso, induzem alterações nos componentes capilares e também nas propriedades físico-químicas e mecânicas das fibras. 

É assim que eles conseguem fazer com que os fios crespos fiquem lisos e com que cabelos escuros percam seu pigmento.

No estudo, os pesquisadores utilizaram um ativo contendo ácido glioxílico associado à carbocisteína. 

Embora este composto não esteja na “Lista de ativos permitidos para produtos cosméticos para alisamento ou ondulação de cabelos” da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ele ainda é muito utilizado no mercado brasileiro.

Então, os pesquisadores testaram as mechas de cabelos naturais de três maneiras. Um terço passou pela descoloração; outro, pelo alisamento e o último terço passou pelos dois procedimentos.

Depois, as mechas foram analisadas com diversas técnicas: espalhamento de raios-X, termos analíticos, espectroscopia de massas e termogravimetria. Dessa forma, foi possível compreender os efeitos nas fibras capilares de diferentes escalas de tamanho.

À esquerda, imagem microscópica do cabelo danificado após o uso de progressiva e descoloração. À direita, cabelo virgem. (Imagem: Cibele Castro Lima/ Jornal da USP/ Reprodução)

Progressiva e descoloração e os danos a longo prazo

Como resultado, o estudo identificou de maneira inédita que o alisamento causa alteração nas camadas lipídicas do cabelo. Geralmente, elas formam uma membrana para manter os fios impermeabilizados de ações e agentes externos. 

É isso que garante que o cabelo fique macio, brilhante e flexível, sem perder água. No entanto, a escova progressiva interfere nessas camadas, prejudicando sua função.

Também segundo a pesquisa, as mechas descoloridas e alisadas foram as mais danificadas em suas estruturas do córtex e da cutícula. 

O córtex é a camada intermediária do fio e contém a maior quantidade de queratina, água, lipídios, melanina e outras proteínas do cabelo. Dessa forma, é responsável pelas características de forma, cor, força e elasticidade do cabelo.

Já a cutícula é a parte mais externa dos fios, que oferece proteção aos fios através de camadas de proteínas. Quando estas duas partes do cabelo são afetadas, ele perde a capacidade de absorver água e nutrientes.

Além disso, os procedimentos também causaram a perda estrutural da proteína alfa-queratina, responsável pela força e elasticidade da fibra capilar. “Quanto maior a temperatura, maior será o dano causado tanto ao córtex quanto à cutícula, e essa mudança de estrutura é irreversível”, avaliou Lima.

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