Ciência

Estudo revela o que deu início à caça às bruxas na Europa

Graças à invenção da prensa, o primeiro manual de caça às bruxas se espalhou rapidamente pela Europa.
Imagem: NatGeo/Divulgalção

A caça às bruxas, que ocorreu entre os séculos 15 e 17 na Europa e nos Estados Unidos, teve início após o surgimento de uma das invenções mais importantes da história da humanidade.

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A invenção da prensa em 1450, pelo alemão Johannes Gutenberg, causou uma revolução na informação, sendo responsável pela disseminação em massa da  literatura através da Europa. Aliás, ela também foi o responsável pelo surgimento do período da Renascença.

No entanto, a prensa também acelerou a divulgação de desinformação na segunda metade do século 15, de acordo com um novo estudo. Isso porque pesquisadores do Instituto de Santa Fé, nos EUA, descobriram que a prensa desempenhou um papel importante na popularização de manuais de caça às bruxas.

Prensa ajudou a popularizar manual de caça às bruxas

Um manual em específico, o Malleus Maleficarum, de 1487, foi o principal responsável pela caça às bruxas. A sua publicação resultou em cerca 90 mil mulheres julgadas pela prática de bruxaria entre os anos de 1450 e 1750. Dessas, 45 mil foram executadas.

O manual continha uma explicação detalhada sobre a teoria da bruxaria, bem como orientações sobre como encontrar e condenar judicialmente uma bruxa.

Na prática, a ideia de bruxas está presente no folclore popular desde o tempo dos antigos romanos. A bruxaria era vista como uma “atividade conspiratória contra a sociedade”.

Publicado na cidade alemã de Spyer, o manual se espalhou por outras cidades. E, consequentemente, por toda a Europa, chegando até os EUA – graças à rapidez de fazer cópias com a prensa.

Outro fator: as cidades se influenciavam pelo comportamento de suas vizinhas, tornando a ideia de caça às bruxas uma tendência.

“A combinação de novas ideias pelos livros e a influência dos julgamentos em lugares próximos criaram as condições perfeitas para a disseminação dessa prática de perseguição”, afirma Kerice Doten-Snitker, co-autora do estudo.

O estudo analisou dados dos julgamentos de publicações sobre caça às as bruxas. “Antes do manual, havia apenas um consenso vago entre autoridades sobre as questões cruciais sobre quem eram as bruxas, o que elas faziam e por que elas tinham poderes sobrenaturais”, dizem os pesquisadores.

Os dados do estudo mostram que novas edições do Malleus maleficarum geravam mais julgamentos de bruxas na cidade onde foi impresso. Porém, o estudo ressalta que a prensa não tem culpa direta, mas ajudou a difundir as ideias de perseguição.

“A prensa não deu início a teorias elaboradas sobre bruxaria e ao subsequente movimento de caça às bruxas, mas nossos resultados mostram que a prensa fomentou a disseminação dessas ideias”, diz o estudo.

No entanto, sem a invenção da prensa de Gutenberg, é difícil imaginar a ampla difusão do manual de caça às bruxas.

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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